terça-feira, 6 de outubro de 2009

Nouriel Roubini Too Much, Too Soon, Too Fast CNBC

Nouriel Roubini (Dr. Doom) lay out his arguments for a U-shaped recovery instead of a quick snap back V:

Ouro dispara para máximos históricos com receios de subida da inflação

In "Jornal de Negócios Online":

ouro_materias_primas_pq Os preços do ouro atingiram hoje um novo recorde, ao tocarem pela primeira vez nos 1.038 dólares por onça, impulsionados pela especulação que a inflação vai acelerar e retirar valor ao dólar, com os investidores a buscarem protecção nos metais preciosos.


Os futuros do ouro seguiam a ganhar 1,86% para os 1.036,70 dólares por onça no mercado de Nova Iorque, depois de já terem tocado nos 1.038,00 dólares por onça durante a sessão, acima dos máximos registados em Março do ano passado, quando o metal precioso atingiu pela primeira vez os 1.033,90 dólares por onça.


O ouro caminha assim para o nono ano consecutivo de ganhos, a maior série de valorizações desde 1948.
A animar as matérias-primas está a desvalorização do dólar face ao euro, um movimento que aumenta o interesse pelas “commodities”.


“O ouro está a agir como a última moeda”, afirmou Chip Hanlon, presidente da Delta Global Advisors Inc, questionado pela Bloomberg, adiantando que “os bancos centrais estão a seguir o mesmo caminho monetário e a tentar estimular e inflacionar o seu caminho de regresso ao crescimento. Toda a gente está preocupada com o dólar”.

Bruxelas prepara "Via Verde" europeia

In "Jornal de Negócios Online":

A Comissão Europeia aprovou hoje um conjunto de especificações e de requisitos técnicos que servirão de base ao lançamento de um “serviço electrónico europeu de portagem (SEEP)” que deverá estar operacional dentro de três anos para os veículos pesados ou de transporte de nove ou mais passageiros. Para os restantes, 2015 é o horizonte provável.


Em preparação está uma espécie de “Via Verde” à escala europeia que permitirá aos viajantes efectuar o pagamento electrónico das portagens em todo o território da União Europeia (UE), mediante “a celebração de um só contrato de adesão com um fornecedor de serviços e um único equipamento de bordo”, explica a Comissão, em comunicado.


“A falta de interoperabilidade entre sistemas de portagem rodoviária prejudica especialmente os transportes rodoviários internacionais. Por exemplo, para efectuar uma viagem entre Portugal e a Dinamarca, poderá ser necessário instalar cinco ou mais equipamentos de bordo no painel de instrumentos do veículo, cada um deles coberto por um contrato específico celebrado com um gestor rodoviário específico”, exemplifica Bruxelas.


O SEEP estará disponível no prazo de três anos para todos os veículos rodoviários com mais de 3,5 toneladas ou autorizados a transportar mais de nove passageiros, incluindo o condutor. Para os restantes veículos, estará disponível dentro de cinco anos. As portagens pagas utilizando o SEEP não poderão ser superiores às portagens nacionais ou locais correspondentes, precisa a Comissão Europeia.

O fim do dólar pode começar no petróleo

In "Expresso.pt":

dolar11-d1ba Segundo a edição de hoje do jornal inglês The Independent , terão decorrido, ou ainda estarão a decorrer, negociações secretas entre os países exportadores de petróleo do Golfo com a Rússia, Japão, China, Brasil e França para a hipótese de criação de um cabaz de divisas, até 2018, que suporte a negociação do crude originário do Médio Oriente, substituindo o papel único do dólar, divisa em que é fixado o preço daquela commodity.

O cabaz incluiria, além do dólar, o euro, o iene japonês, o yuan chinês, uma nova divisa única dos países que formam o Conselho de Cooperação do Golfo (que reúne a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Kuwait e o Qatar), e ainda o ouro.

Risco de colapso

Esta notícia (não confirmada pelos países envolvidos) traz, de novo, para a ribalta a questão da actual fragilidade do dólar, um problema crítico que a crise financeira iniciada em 2007 voltou a destapar. Por isso, vários analistas têm vindo a falar de um cenário provável de colapso da moeda americana que se tem mantido, ultimamente, valendo menos de 70 cêntimos de euro. Desde o pico mais recente em Junho de 2001, quando o dólar atingiu um índice de 119,03, que já desvalorizou 36% face a um cabaz de seis divisas.

Num registo mais longo, segundo o índice seguido pela Reserva Federal, avaliando o dólar em relação às divisas dos principais parceiros comerciais, a divisa americana caiu 18% em relação a 1973, altura do primeiro "choque petrolífero", e 31% em relação ao máximo histórico de Março de 1985 (128,48). No entanto, o dólar está (88,2) ainda a quatro pontos acima dos mínimos históricos de Julho de 1995 (84,1516) e Outubro de 1978 (84,1620) e a três pontos acima dos níveis mais baixos recentes, entre Fevereiro e Julho de 2008.

Mas o risco de um tsunami monetário é hoje agitado por muitos, já que 66 países estão ancorados no dólar ou vivem mesmo dolarizados.

Mas a crise trouxe um aspecto político novo: várias grandes potências começaram abertamente a falar dos malefícios da 'nota verde' continuar a ser a divisa internacional de referência e apontaram a necessidade de uma estratégia de diversificação.

Um privilégio exorbitante

Os chineses e os russos foram os mais sonoros, com o governador do Banco central chinês a dar inclusive uma lição "teórica" sobre o assunto em Março passado. Mas até o presidente francês Sarkozy se pronunciou criticamente, em Agosto, sobre a hegemonia do dólar argumentando a necessidade de "traduzir" para o sistema monetário internacional um alegado multipolarismo na geopolítica, trazendo na manga um maior protagonismo para o euro. Para maior dor de cabeça dos americanos, a poucas semanas da cimeira do G20, até um organismo das Nações Unidas (a UNCTAD) declarou que há "uma fraqueza no sistema internacional de reservas por se usar uma divisa nacional como activo de reserva".

Esse seria o pecado original da solução que tem governado o mundo desde meados dos anos 1940. Um economista de origem belga, da Universidade americana de Yale, demonstrou, já nos anos 1960, que um sistema deste tipo seria instável por natureza. O problema que ele expôs ficou conhecido como o "dilema de Triffin". De seu nome Robert Triffin, acabaria por regressar à Europa em 1977 envolvendo-se no desenvolvimento da integração monetária europeia.

Mas, apesar de se saber deste problema congénito, o assunto foi ignorado, inclusive oficialmente, agora, na última cimeira do G20 em Pittsburgh. Por razões óbvias: a solução tem permitido aos Estados Unidos - donos dessa divisa - beneficiar do que o presidente francês Charles De Gaulle chamava, nos anos 1960, "um privilégio exorbitante" e que tecnicamente se designa por "prémio de liquidez". Esse "prémio", entre 1980 e 2005, teria permitido um desconto de 1,5 pontos percentuais nos empréstimos contraídos pelo hegemonista, que acumulou, nesse período, uma dívida de 10 biliões de dólares.

Consenso resignado

Entre os economistas americanos parece formar-se um consenso resignado. "Já não há dúvidas de que o dólar declinará, o que não é claro é como vai ocorrer a sua substituição", diz-nos Mauro Guillen, director do The Lauder Institute of Management and International Studies, ligado à Wharton School, de Filadélfia, que, no entanto, não antevê nos seus cenários um colapso do dólar. "Isso não seria no interesse de ninguém", argumenta. Barry Eichengreen, professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley, sublinha-nos inclusive que "o dólar continua a ser a alternativa menos má", apesar " de muita pose política contra", ironiza.

Por isso, a rejeição de uma passagem automática de uma divisa hegemónica para outra (como poderia ser o euro) é, também, consensual. "Convém lembrar, diz-nos Mauro Guillen, que durou várias décadas e passou uma guerra mundial para que a libra fosse substituída pelo dólar".

Analisando as alternativas ao dólar, Barry Eichengreen sublinhou, num artigo publicado na revista Foreign Affairs ('The Dollar Dilemma', edição de Setembro/Outubro 2009), que a capacidade de projecção do euro não ultrapassará os espaços contíguos, como o Mediterrâneo e eventualmente a própria Rússia (que já terá mais reservas em euros do que dólares). A moeda chinesa - o renminbi - está, também, distante. Os próprios chineses apontam para 2020 como altura em que a sua moeda poderá ser uma divisa de reserva mundial e Xangai um centro financeiro de referência, mas provavelmente regional. Por ora, inclusive a moeda chinesa é inconvertível.

O regresso a antes dos anos 1920

Eichengreen crê, assim, que entraremos num período similar ao imediatamente anterior à 1ª Guerra Mundial em que co-habitavam várias divisas de reserva face ao declínio paulatino da libra esterlina; a que se seguiu, depois, nos anos 1920, uma liderança bicéfala pela libra e o dólar, até que este, em Bretton Woods (1944), deu o golpe mortal na divisa do Império britânico.

Os chineses são tidos como os mais aflitos. Eichengreen considera-os prisioneiros da sua própria estratégia de acumulação de reservas em dólares (as maiores do mundo), pelo que terão de ser prudentes.

Por isso surgiu da sombra algo "neutro", uma unidade de conta do Fundo Monetário Internacional que estava literalmente morta: os direitos de saque especiais (SDR, no acrónimo em inglês) criados em 1969. John Williamson, do Peterson Institute for International Economics, não acha, contudo, que os SDR sejam uma mera solução transitória. "São parte de uma solução de longo prazo", frisa-nos. Williamson desenvolveu um estudo em que mostra que para os Estados Unidos, profundamente endividados, pode ser "atractivo" o papel dos SDR. E alega que a China perderá "menos" ao desviar uma parte das suas reservas para SDR, do que ficar olhando uma desvalorização do dólar que lhe corrói as reservas gigantes de que dispõe.

Em virtude de toda esta diversidade política de forças, Jeffrey Frankel, da Harvard Kennedy School, sublinha-nos que "a direcção mais provável não é nem para um sistema de reservas unipolar (baseado no dólar), nem bipolar (dólar e euro), mas um multipolar, envolvendo o dólar, o euro, o iene, o renminbi (ou yuan), o ouro e os direitos de saque especiais". Note-se que a libra esterlina e o franco suíço são eclipsados do cabaz, não lhes deixando grande margem de manobra futura.

No fundo, Frankel fala de uma tendência política da moda, "um sistema mais fragmentado". Ora, da última vez, que o mundo viveu numa situação dessas, o prémio, no final, não foi famoso: saiu na lotaria dos 11 dias de Outubro de 1929 que abalaram o mundo.

Artigo actualizado e ampliado publicado originalmente na edição impressa de 25 de Setembro

 
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