quarta-feira, 27 de abril de 2011

Dívida Soberana

In “Económico.Fórum”:

O que é uma reestruturação da dívida soberana?
A reestruturação da dívida soberana tem estado na ribalta em virtude dos "rumores" de que poderá ocorrer na Grécia. O economista Ricardo Cabral (Universidade da Madeira) responde a 10 perguntas


Jorge Nascimento Rodrigues (www.expresso.pt)
10:18 Terça feira, 26 de abril de 2011   
http://aeiou.expresso.pt/o-que-e-uma-reestruturacao-da-divida-soberana=f645359


1 - O que é uma reestruturação de dívida?
É uma renegociação com redução do valor presente (ou atual) da dívida. Tipicamente está associada a um evento de incumprimento formal (vulgo, bancarrota, no inglês default). Um evento de incumprimento formal pode, por exemplo, consistir numa moratória, ou mesmo num atraso excessivo no pagamento de juros ou capital em dívida. Ocasionalmente, ambas as partes podem concordar em reestruturar a dívida sem que ocorra um evento formal de incumprimento.


2-      Quando é que as agências de rating consideram que se está diante de uma bancarrota?
As agências de notação consideram que a reestruturação é um evento de incumprimento se a participação na reestruturação de dívida não for um acto voluntário por parte dos credores.


3-      Que modalidades de reestruturação existem?
Uma redução do valor presente da dívida consegue-se de várias formas (que podem ser utilizadas em combinação):
·        a)  diminuindo o valor facial do montante em dívida (i.e., uma obrigação com valor facial de €1000 passa a ter um valor facial de €800);
·        b)  reduzindo o cupão da obrigação que resulta numa redução da taxa de juro em relação ao montante em dívida (por exemplo, para uma obrigação com valor facial de €1000 uma redução do cupão anual de €50 para €40, significaria uma redução da taxa de juro paga pelo devedor de 5% para 4%);
·        c)  aumentando a maturidade da dívida (e.g., uma obrigação que vencia em 2016 passaria a vencer em 2031 - como o valor facial em dívida só terá de ser pago muito mais tarde o valor presente da dívida diminui substancialmente).


4-      Um país devedor fica a ganhar com uma reestruturação?
A reestruturação ocorre quando o país devedor já não é capaz de pagar essa dívida - isto é, numa situação limite. O país devedor ganha em enfrentar a realidade e resolver uma situação insustentável. Contudo, associados a essa decisão, existem custos significativos de reputação e aumento dos custos de financiamento nos mercados internacionais. Além disso, a reestruturação deve ser bem dimensionada e bem conduzida. Primeiro, a reestruturação de dívida deve ser suficientemente significativa de forma a tornar a dinâmica de dívida sustentável. Segundo, deve ser uma reestruturação bem planeada e negociada com os credores, de forma a não prejudicar em demasia a actividade económica doméstica. Nomeadamente, devem ser assegurados os mecanismos de financiamento das importações de bens mais prioritários para o país (e.g., energia, alimentos, matéria prima para empresas exportadoras).


5-      O que pode acontecer se a reestruturação de dívida for mal gerida?
Uma reestruturação de dívida demasiado pequena pode resultar em reincidência da crise de dívida e nova reestruturação de dívida passados poucos anos. Uma reestruturação de dívida mal conduzida pode resultar numa crise grave do sistema financeiro, em crise económica profunda e ainda em litígios que se arrastam em tribunais internacionais por vários anos, restringindo o acesso a crédito nos mercados financeiros internacionais e dificultando o processo de ajustamento externo.


6-      O que é um "corte de cabelo" (hair-cut na designação anglo-saxónica)?
É a percentagem da redução do valor presente da dívida, que pode ser medido seguindo diferentes metodologias. Por exemplo, suponha-se que o valor facial de uma série de obrigações do tesouro que vence daqui a 5 anos (em 2016) é, através da reestruturação, reduzido em 20% de €1000 para €800 e o valor do cupão reduzido em 20% (de, por exemplo, €50 para €40), mantendo-se a data de maturidade dessa série de obrigações. Assuma-se ainda que a taxa de juro de mercado aplicável a obrigações similares (i.e., a taxa de desconto) é 5%. Nessas condições, a reestruturação de dívida reduz o valor presente dessa série de obrigações em 20%, ou seja, o haircut é de 20%. Este 'corte de cabelo' desce se o cupão se mantiver e aumenta se se alarga a maturidade da dívida. Por exemplo, se se mantiver o cupão e o valor facial originais, mas a maturidade dessa série de obrigações do tesouro passar de 5 para 20 anos (passando a taxa de desconto a ser, por exemplo, 7%), o haircut passaria a ser de 21,2%. 


7-      Quem são os principais prejudicados?
Os credores e os mercados financeiros que não gostam desse tipo de incerteza.


8-      Os contribuintes do país em dívida são lesados ou beneficiados?
Numa situação limite, com juros elevados e dívida a crescer exponencialmente devido ao juro composto, os contribuintes saem beneficiados em resolver, através da reestruturação, uma trajetória de dívida claramente insustentável. Contudo, as ressalvas acima identificadas (dimensão e condução do processo de reestruturação) são também relevantes nesta questão.


9-      É eticamente aceitável?
O capitalismo tem, na sua génese, a tomada de risco e em consequência a possibilidade de insucesso. No caso de iniciativas empresariais esse insucesso pode-se traduzir em processos de saneamento ou falência, que geralmente resultam na reestruturação de dívida dos credores da empresa. Ou seja, o processo de reestruturação de dívida é intrínseco a economias de mercado. Além desse exemplo note-se que, em economias de mercado, os bancos regularmente reestruturam os créditos que detêm sobre empresas e famílias em dificuldade. De facto, os bancos (e outras empresas) incluem na sua demonstração de resultados uma previsão das imparidades, que não é mais do que uma previsão dos hair-cuts que irão sofrer quando reestruturam a dívida dos seus clientes. É parte do dia-a-dia do negócio bancário.


10-   Se o país se refinanciar através do FEEF/FMI, fica mais difícil ou mais fácil reestruturar a dívida soberana?
A dívida contraída junto do Fundo Monetário Internacional (FMI) tem senioridade (i.e., prioridade de pagamento no caso de incumprimento) em relação à dívida soberana portuguesa. O pacote de resgate com o FEEF (Fundo Europeu de Estabilização Financeira) irá traduzir-se num chamado Loan Agreement. Contudo é de esperar que a lei e foro jurídico aplicável a esse contrato de empréstimo seja internacional (e.g., Londres, praça onde são realizados muitos contratos financeiros). Em consequência, embora os empréstimos do FEEF não tenham em teoria senioridade em relação à divida soberana portuguesa, na prática, terão essa senioridade devido ao efeito na lei e foro jurídico aplicável, com os impactos negativos consequentes. Em suma, o resgate do FEEF/FMI torna, de facto, muito mais difícil e complexa, no futuro, em caso de necessidade, uma reestruturação de dívida do estado português.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Nassim Taleb on Living with Black Swans

In "Knowledge@Wharton":

Nassim Taleb is a literary essayist, hedge fund manager, derivatives trader and professor of risk engineering at The Polytechnic Institute of New York University. But he is best known these days as the author of The Black Swan: The Impact of the Highly Improbable. During a recent visit to Wharton as part of The Goldstone Forum, he spoke with Wharton finance professor Richard Herring -- who taught Taleb when he was a Wharton MBA student -- about events in the Middle East, the oil supply, investing in options, the U.S. economy, the dollar, health care and of course, black swans.

An edited transcript of the conversation follows: Knowledge@Wharton

'There are very few options to park your money. But still, the dollar is weaker than the other currencies, including Europe. The euro now as we are talking is 1.42. That's a lot stronger than it was a few months ago.'

Europa pode ter seu primeiro calote desde 1948, diz estudo

In "Económico.Fórum":

Europa pode ter seu primeiro calote desde 1948, diz estudo
25 de abril de 2011 | 11h25
Sílvio Guedes Crespo


A empresa de pesquisas Economist Intelligence Unit (EIU), que pertence ao mesmo grupo empresarial da revista “The Economist”, publicou um relatório em março em que afirmava: “Acreditamos que Portugal seja forçado a pedir ajuda financeira em 2011”. Acertou. No início de abril, o premiê José Sócrates anunciou pela TV, em rede nacional, que o país precisaria ser socorrido pela União Europeia.


Depois da bola dentro da equipe da EIU, vale a pena prestar atenção em outros dados levantados pelo mesmo relatório, que em março poderiam parecer um pouco exagerados. Por exemplo, a suposição de que “a Europa poderá testemunhar sua primeira moratória da dívida soberana desde 1948”. Na Grécia e na Irlanda, apesar da ajuda internacional e das medidas de austeridade fiscal, não há sinais de “qualquer recuperação significativa”.


A EIU traçou quatro cenários possíveis para a zona do euro nos próximos anos, e as afirmações acima fazem parte do panorama mais provável, com 50% de chance de se concretizar. O curioso é que essa é uma expectativa relativamente otimista. A mais pessimista, com 15% de probabilidade, é a de que os países da periferia da Europa e também a Alemanha decidam abandonar o euro.


Quem indica a leitura desse estudo da EIU é Luiz Fernando de Paula*, colaborador do Radar Econômico. Ele comenta:
“Para quem está interessado nos rumos da atual crise da zona do euro, foi lançado o relatório elaborado pelo EIU intitulado ‘State of the union: Can the eurozone survive its debt crisis?‘. O estudo elabora quatro cenários sobre o futuro do euro, atribuindo 50% de probabilidade para um cenário razoavelmente otimista segundo o qual a crise é superada com cortes nos déficits públicos nos países periféricos atingidos pela crise, acompanhados do suporte financeiro dos países credores, permitindo assim que a reestruturação da dívida soberana seja obtida em 2013.


Obviamente neste caso o ônus da crise (em termos de desemprego e redução do crescimento) fica com o países atingidos pela mesma, e não dividindo o mesmo como os países credores. O estudo do EIU reconhece que há problemas estruturais na constituição da zona do euro, uma vez que as chamadas pré-condições para uma zona monetária ótima não estavam razoavelmente colocadas quando foi introduzida a nova moeda. Em outras palavras, trata-se de uma região bastante heterogênea em termos econômicos e sociais. Assim, foi muito mais um projeto político do que econômico propriamente dito.


A zona do euro irá superar a crise mantendo sua estrutura intacta? Qual o preço do ajuste adotado para manter o funcionamento da mesma? Os benefícios dos países periféricos da zona do euro em participar da mesma superam seus custos? Infelizmente o relatório não dá respostas para essas questões. Mas vale a pena a leitura.”


Leia o estudo da EIU na íntegra (em inglês)
* Luiz Fernando de Paula é professor de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), pesquisador do CNPq, e Presidente da Associação Keynesiana Brasileira (AKB).  É autor, entre outros, do livro “Financial Liberalization and Economic Performance: Brazil at the crossroads” (Routledge, 2011).


Blog da Associação Keynesiana Brasileira (AKB): http://associacaokeynesiana.wordpress.com

domingo, 24 de abril de 2011

Quatro anos após crise do subprime, EUA regulam concessão de crédito

In "PUBLICO.PT":

Quatro anos após a eclosão da crise do subprime e dos sucessivos compromissos para reduzir o risco do sistema financeiro, os Estados Unidos estão a ultimar uma proposta para regular a concessão de crédito no país.

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A ideia é que os bancos e instituições financeiras passem a ter de responder a determinados critérios antes de concederem empréstimo, desde logo assegurando-se de que os devedores serão capazes de pagar o que pediram emprestado. Na Europa, também já há uma proposta legislativa para tornar a oferta de crédito imobiliário menos vulnerável ao risco.


Nos EUA, a proposta foi apresentada esta semana pela Reserva Federal norte-americana (Fed), no âmbito da reforma do sistema financeiro – a chamada reforma Dodd-Frank – lançada pelo Presidente Barack Obama, em Julho do ano passado. O objectivo é elevar os requisitos de concessão de crédito e combater os abusos na atribuição de empréstimos que estiveram na origem da crise financeira.


Antes da crise, assistiu-se nos EUA a uma proliferação do crédito hipotecário de alto risco (subprime), com os bancos a concederem empréstimos sem pedirem suficientes provas de rendimentos. Quando as taxas de juro começaram a subir e o mercado imobiliário a arrefecer, o incumprimento começou a disparar, e multiplicaram-se as perdas junto de quem investiu neste negócio.


A iniciativa da Fed obriga os bancos e verificarem o rendimento dos clientes, os activos e a dívida que já detêm, bem como se estão ou não empregados. Os bancos que violarem estas regras ficarão sujeitos a processos legais e, até, à suspensão da execução de hipotecas, se os proprietários conseguirem provar que os bancos infringiram a lei.


Neste momento, a autoridade norte-americana colocou em consulta pública duas propostas que protegem os bancos de acções judiciais. A primeira protege os chamados "empréstimos qualificados", que não apresentam determinadas características de risco, como duração superior a 30 anos. A segunda vai mais longe, juntando a isso a ideia de que o cliente tem de ter "capacidade para pagar", com base no seu histórico de rendimentos, obrigações e situação laboral. A consulta pública vai decorrer até ao final de Julho e, depois disso, o Consumer Financial Protection Bureau (que assegura a protecção dos consumidores) irá pegar no dossier e finalizar a proposta.


Bruxelas quer baixar risco


À semelhança dos EUA, a Europa também quer regular mais a concessão de crédito, com vista a proteger os consumidores. No final de Março, a Comissão Europeia apresentou uma proposta legislativa, com vista a assegurar que todos os consumidores que querem comprar uma casa recorrendo a um empréstimo estejam suficientemente protegidos contra os riscos e saibam as consequências que correm ao fazê-lo.


Embora, na Europa, o problema não tenha atingido as mesmas proporções que nos Estados Unidos, atingiu também bancos de países como a Irlanda, a Espanha e o Reino Unido, devido à exposição ao subprime norte-americano e também por causa dos empréstimos ligados ao negócio imobiliário.


A ideia da Comissão Europeia é que os bancos passem a entregar aos clientes uma ficha técnica com informações fixas, que lhes permitam perceber claramente qual a sua capacidade de pagar aquele empréstimo. Se, em função dos padrões definidos, se concluir que uma determinada pessoa não tem capacidade para pagar aquela dívida, não é feito o empréstimo. Na Europa, o crédito malparado de particulares ronda os 1,2 a 1,9 mil milhões de euros por ano.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Grécia associa subida dos juros da dívida a comportamento criminoso

In "Jornal de negócios online":

Atenas vai iniciar uma investigação, depois dos juros da dívida terem disparado para novos máximos e da bolsa ter descido mais de 3%. Em causa poderá estar um e-mail "de um banco de investimento internacional" que dá como certa a reestruturação da dívida grega este fim-de-semana.

 

grecia_george_papaconstantinou_not1_bl "O Ministério das Finanças pediu ao Ministério Público de Atenas para investigar uma possível conduta criminal associada aos movimentos de hoje na bolsa de Atenas e nos preços das obrigações", pode ler-se num comunicado emitido pelo Ministério das Finanças grego.


Em causa está a subida de 129,4 pontos base, ou seja, mais de um ponto percentual, dos juros das obrigações a dois anos para 22,019%, tendo chegado a tocar nos 22,156% durante a tarde. No prazo a cinco anos, a "yield" das obrigações gregas avançou mais de 30 pontos base para 16,54% e a 10 anos o aumento foi de 27,1 pontos base para 14,751%. Já a bolsa de Atenas deslizou mais de 3%. "O Ministério enviou ao Ministério Público um e-mail de operadores de um banco de investimento internacional que refere uma alegada reestruturação da dívida grega este fim-de-semana."

 

"Tais rumores são vazios de qualquer substância e roçam o ridículo", garante o ministério das Finanças
As entidades gregas adiantam que "a divulgação de tais 'notícias' falsas podem criar problemas entre o público em geral" e, por isso, "o Ministério das Finanças vai usar todos os meios legais disponíveis, a fim de identificar e perseguir os responsáveis​​", adianta a mesma fonte.


A Grécia tem estado sob forte pressão, numa altura em que os rumores sobre uma possível reestruturação de dívida são cada vez mais fortes.


Lars Feld, conselheiro económico de Angela Merkel. "A Grécia não vai sair desta situação sem algum tipo de reestruturação da dívida", afirmou.


Antes dele o governador cipriota do Banco Central Europeu, Athanasios Orphanides, rejeitou a necessidade de Atenas reestruturar a sua dívida e alertou para o efeito contágio que essa medida teria. "Seria muito prejudicial para a Zona do Euro em geral, devido à possibilidade de contágio", salientou.


E de facto, o comportamento do mercado espelha este efeito dominó. Não foram apenas os juros da dívida grega que dispararam. Portugal e Irlanda voltaram a sentir subidas acentuadas nos juros da dívida, atingindo também máximos desde a entrada no Euro.

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GLOSSÁRIO

Incumprimento
Define o momento em que uma entidade deixa de ter liquidez para pagar os juros do dinheiro que pediu emprestado, ou para devolver o capital ao credor. Quando um Estado entra em bancarrota, tem de renegociar as condições do seu empréstimo, renegociação essa que pode levar a alterações no valor dos juros prometidos, na maturidade dos títulos ou no valor do capital. Em regra, os credores preferem negociar a ir para tribunal, uma vez que os soberanos estão juridicamente bem protegidos.


Reestruturação/renegociação de dívida
É um processo com consequências semelhantes aos descritos no ponto anterior, mas ocorre ainda antes de os Estados chegarem ao "fim da linha". Os governos tomam a iniciativa de se sentarem à mesa com os credores, antes de entrarem em incumprimento. A História mostra que esta antecipação costuma ser premiada pelos investidores.

"Haircut"/desconto
É a perda de capital e/ou juros que decorre de uma renegociação de dívida ou do incumprimento no pagamento dos seus juros ou reembolsos.

Ver:

FT diz que e-mail que levou a subida dos juros é de funcionário do Citigroup

Bancos vão ter dinheiro do Estado para passar stress

AO online - A ameaça:

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O dia 16 de Setembro de 1992 calhou numa quarta-feira e nada teria tido de especial se não tivesse ficado para a posteridade como a Quarta-feira Negra, a “Black Wednesday” da City de Londres. O Governo Britânico andava aos avanços e recuos, a negociar a posição da libra no Sistema Monetário Europeu (SME), hesitando entre ficar de fora ou flutuar dentro dos limites do Mecanismo de Taxas de Câmbio (MTC).

O anúncio pelos britânicos da saída da libra do sistema, por não terem conseguido mantê-la acima do seu limite inferior de flutuação (na ocasião, 2,778 marcos alemães), provocou uma onda de choque. Nessa quarta-feira, havia plenário no Parlamento Europeu e no dia seguinte o falatório entre os eurodeputados foi vivo, embora a simpatia pelos ingleses não fosse calorosa, havendo quem achasse que tinha sido melhor saírem do SME.

A postura imperial que sempre exibiram, comportando-se de modo a terem um pé dentro e outro fora do projecto europeu, o facto de terem recusado aderir ao SME em 1979, ao qual só aderiram em 1990 pela mão de John Major, além da conhecida função de “cavalo de Tróia” dos norte-americanos, suscitou posições controversas em Estrasburgo. Nas discussões em que participei, especialmente com os eurodeputados portugueses e espanhóis que partilhavam o voo especial da Air France que nos levou de volta, após aquela semana em Estrasburgo, foi muito comentado que a culpa era das altas taxas de juro alemãs, consequência da reunificação germânica.

Para conter a inflação resultante do excesso de despesa provocada pela integração da Alemanha Oriental na República Federal Alemã, o Bundesbank aumentou essas taxas, causando tensões que atingiram especialmente o Reino Unido. Naquela época, o dólar americano andava a perder valor; como os ingleses, desde sempre ligados aos Estados Unidos, têm as suas exportações expressas em dólares, viram a libra esterlina andar para trás.

A crise da Quarta-feira Negra custou ao Tesouro britânico cerca de 27000 milhões de libras para tentar aguentar o valor da moeda, mas foi aproveitada pelo especulador George Soros, que vendeu nesse dia mais de 10000 milhões de dólares em libras através do seu Fundo De Gestão, antecipando e forçando a queda da libra, numa operação designada tecnicamente por “short selling” que lhe rendeu 1100 milhões.

Esta história de Soros e da Black Wednesday, cujo desenrolar acompanhei no Parlamento Europeu, tem muito que ver com o que se passa actualmente com a especulação gigantesca que rodeia as difíceis situações financeiras da Grécia, Irlanda e Portugal. Por detrás destas crises, não é difícil ver quem vai ganhar escandalosas somas de dinheiro, a um nível mesmo superior ao lucro do Soros Fund, quando fez ajoelhar os ingleses.

Uma breve incursão no mundo nebuloso das Forex (Foreign Exchange), como são conhecidas as operações financeiras baseadas no câmbio de moeda, mostra-nos que, em média, 80% são especulativas; que têm um movimento médio diário (turnover) de 4000 milhares de milhões de dólares, mais do que toda a riqueza produzida pela Alemanha num ano; e que, das 10 principais instituições mundiais deste sector, 4 são americanas, 3 são britânicas, 1 alemã (DB-Deutsche Bank, nº1) e uma suíça (UBS, a nº2).

A UBS e o DB detêm juntos 30% do mercado mundial. O euro, ao valorizar-se e concorrer com o dólar como moeda de reserva mundial, veio baralhar este jogo, tornando-se um alvo a abater. Começando, logicamente, pelos elos mais fracos.

Para se perceber melhor a teia em que estamos enredados, é importante fazer também uma curta viagem às trevas dos “hedge funds”, os fundos especulativos que regem a grande economia e finança globais. Investem em tudo, das “commodities” (petróleo, cobre, café – tudo o que se extrai, cultiva e vende) aos títulos de dívida dos países.

No contexto internacional, aquilo a que eufemisticamente se chama os “mercados”, é dominado pelo peso esmagador de duas dúzias de gigantes gestores destes fundos, que geriam 520 mil milhões de dólares em 2009.

O maior destes tubarões é a J P Morgan, que valia 54000 milhões e faz parte do colosso americano J P Morgan Chase, o qual teve lucros em 2010 da ordem dos 17000 milhares de milhões.

Destes senhores do mundo especulativo existem 13 que são os maiores de todos: 9 são americanos e 4 são ingleses.

Dois terços dos dinheiros dos “hedge funds” estão em offshores, com as ilhas Caimão à cabeça (5% do total estão na Bermuda). Estes meninos são os verdadeiros donos do futuro de empresas, países, políticas e políticos. Tudo o resto é fantasia.

O que não é fantasia, mas uma dura realidade, é os países pequenos como Portugal terem políticos pequeninos, navegadores à vista, incapazes de perceber e controlar, dentro das competências que possuem, o endividamento externo e interno, fomentando uma produção de bens capaz de permitir que se viva dentro das nossas possibilidades.

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Vasco Garcia

sábado, 16 de abril de 2011

Bancos portugueses precisam de 37 mil milhões em três anos

In "Sol":

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Os bancos portugueses estão em contra-relógio. Além de estarem sob pressão para darem provas acrescidas da sua robustez num curto espaço de tempo, as instituições financeiras lusas continuam a braços com problemas de liquidez. Para conseguir satisfazer as suas necessidades de (re)financiamento, o sistema financeiro português precisa de quase 37 mil milhões de euros nos próximos três anos.

Apenas este ano, a banca portuguesa terá de conseguir levantar perto de 13,5 mil milhões, segundo as estimativas do Royal Bank of Scotland (RBS). Só os três maiores bancos cotados na Bolsa de Lisboa (BCP, BES e BPI) têm de arranjar fundos na ordem dos 5,3 mil milhões de euros em 2011, sendo o BCP a instituição mais pressionada nos três anos (ver tabela). «Não são grandes volumes, mas com zero de acesso ao mercado primário, como acontece actualmente, estes valores são uma montanha», diz Christy Hajiloizou, analista do RBS.

É neste contexto que a responsável antecipa que o resgate soberano de Portugal venha a resultar numa intervenção na banca. «A assistência mais provável pode ser uma solução de aumentar os prazos de financiamento com o objectivo de reduzir a dependência do Banco Central Europeu (BCE)», prevê a analista.

Assumindo que os mercados interbancário e obrigacionista continuam quase fechados, a bóia do BCE (que tem sido a tábua de salvação de Portugal nos últimos dois anos) está a esvaziar-se e a pressão negativa das agências de rating é «dolorosa», os banqueiros ouvidos pelo SOL insistem em garantir que o sistema financeiro português continua sólido.

«Portugal não é a Irlanda e os bancos portugueses não são os irlandeses», garante um dos responsáveis de um grande banco português. «Apesar da fraca rentabilidade no mercado doméstico, os balanços dos bancos nacionais, sobretudo no que se refere à qualidade dos activos e à cobertura de empréstimos de risco, não estão em má forma», realça outro banqueiro.

Mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) tem os bancos portugueses sob alerta, devido à sua exposição à dívida pública e aos elevados custos de financiamento do mercado.

Dificuldades extra

A verdade é que o sector financeiro depara-se agora com dificuldades acrescidas: capitalização e desalavancagem. Os testes de stresse à banca europeia - que, por cá, visam BCP, BPI, CGD e ESFG (que detém o BES) -, mais agressivos do que os anteriores, estão prestes a começar (os resultados serão conhecidos em meados de Junho) e poderão acontecer num momento em que ainda não esteja definido se os bancos vão ou não receber ajuda do Estado, no âmbito da intervenção externa de que Portugal está a ser alvo.

O Banco de Portugal (BdP) definiu que, até ao final de 2011, os bancos têm de ter um rácio mínimo de capital (Core Tier I) de 8%. Para isso, os bancos estão a reter dividendos e a fazer aumentos de capital.

O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, veio esta semana dizer que o Estado está disponível para injectar capital nas instituições financeiras, mas a banca privada diz não estar interessada e que «fará tudo [vender créditos e activos] para evitar o apoio estatal, mesmo que a exigência de capital suba», segundo noticiava o Jornal de Negócios de ontem.

Uma das prioridades é diminuir o rácio de transformação (peso do crédito nos depósitos), de maneira a aumentar indirectamente as fontes de financiamento e diminuir o risco. O objectivo é chegar a uma média entre 110% e 120% até 2014.

Mas está a ser complicado. Apesar dos esforços extra que as instituições estão a fazer para captar mais depósitos, as poupanças dos portugueses - com menor rendimento disponível devido ao desemprego e às medidas de austeridade - continuam em queda. O indicador de poupança, elaborado pela Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP) e pela Universidade Católica, revelado esta semana, mostra que a poupança dos portugueses está a cair pelo quinto mês consecutivo.

Perante isto, os bancos alegam que não lhes resta outra solução se não cortar na concessão de crédito às famílias, empresas e Estado, afectando assim o funcionamento da economia.

Até ao final deste mês, os bancos têm de apresentar os seus planos individuais ao BdP, com calendários e metas para a dimensão e composição dos seus balanços, estrutura de capital e eficiência operacional, como previa o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC IV), chumbado no Parlamento.

BRICS avisam dólar, FMI e Banco Mundial

In "Expresso.pt":

Os BRIC transformam-se ontem em BRICS juntando a África do Sul e avisam que querem nova ordem monetária internacionale mais poder nas instituições internacionais. O mundo vai ter de se habituar à nova sigla.

A necessidade de um novo sistema monetário internacional menos dependente do dólar americano e em que a relação de forças dentro das instituições saídas do velho acordo de Bretton Woods (como o FMI e o Banco Mundial) e da ordem do pós 2ª Guerra Mundial seja alterada a favor das novas realidades geoeconómicas foram as duas tónicas principais de mais uma cimeira dos líderes dos quatro BRIC - Brasil, Rússia, Índia e China - que, desta vez, agregou formalmente a África do Sul, e passaram a designar-se formalmente de BRICS (incluindo, no final do acrónimo, a primeira letra de South Africa, a designação em inglês).

Os BRICS pretendem claramente afirmar-se como uma "plataforma" e avançar "pragmaticamente", lê-se no comunicado final. FMI (que, na mesma altura, se reunia em Washington), Banco Mundial e Conselho de Segurança das Nações Unidas são destinatários da posição conjunta destes cinco países do chamado mundo "emergente". Durante este ano, estes cinco países estarão presentes no Conselho de Segurança e prometem agir articuladamente.

Agora reunidos em Sanya, na ilha chinesa de Hainão (que fica no Mar do Sul da China), um dos mais populares destinos turísticos na zona, os BRICS rebelaram-se, também, contra a especulação financeira nas commodities, exigindo uma maior regulação nesta área cuja volatilidade tem um impacto arrasador no campo alimentar e da energia, induzindo inflação importada e miséria em largas camadas da população. E, segundo os líderes dos BRICS, podem colocar em risco a retoma da economia mundial em 2011 e 2012.

Estiveram presentes nesta première formal dos BRICS, o presidente chinês Hu Jintao, o primeiro-ministro indiano Manmohan Sing, a presidente brasileira Dilma Rousseff, o presidente russo Dmitry Medvedev e o "novato" Jacob Zuma, presidente da África do Sul.

Plano de ação detalhado

Reafirmaram o papel do G20 como fórum mundial de cooperação económica e apoiaram a decisão da Rússia de se candidatar a organizar a cimeira do G20 em 2013. Apresentaram inclusive um detalhado "plano de ação" de 23 pontos em 4 grandes rubricas. Entre outros pontos: reuniões formais periódicas dos representantes nas organizações internacionais em Nova Iorque e Genebra; reuniões dos ministros das Finanças e dos governadores dos bancos centrais em todas as ocasiões de encontros do G20 e de instituições como o FMI e o Banco Mundial; estudar a possibilidade de um acordo de agências "antimonopolistas"; cooperar no que designam por "economia verde"; estabelecer relações mais estreitas entre bancos de desenvolvimento; e criar um grupo BRICS dentro da UNESCO.

Aproveitando a ocasião, os bancos de desenvolvimento dos BRICS aprovaram o estabelecimento de linhas de crédito mútuas denominadas nas moedas locais, e não mais no dólar americano. O diretor do Banco de Desenvolvimento da China (BDC), Chen Yuan, avançou que poderá emprestar até 10 mil milhões de renminbi (a moeda chinesa), cerca de € mil milhões, aos parceiros do "clube". Os russos do VEB - o banco de desenvolvimento do país - manifestaram interesse, desde logo, em recorrer a essa linha de crédito.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Portugal não precisava de ajuda externa e agências de "rating" têm de ser travadas

In “Jornal de negócios online”:

O sociólogo Robert Fishman escreve no "The New York Times" sobre o "desnecessário resgate de Portugal" e acusa as agências de notação financeira de distorcerem a percepção que os mercados tinham da estabilidade do País.

 

lisboabaixaportugalelectricoscarrisnot Portugal não precisava deste resgate. Foi sobretudo a especulação que precipitou o País para o pedido de ajuda externa. O culpado não foi o governo, mas sim a pressão das agências de “rating”. É esta a opinião de Robert Fishman, professor de Sociologia na Universidade de Notre Dame, num artigo hoje publicado no jornal “The New York Times”.


Na opinião de Fishman - que escreveu, em conjunto com Anthony Messina, o livro intitulado “The Year of the Euro: the cultural, social and political import of Europe’s common currency” -, a solicitação de ajuda externa à UE e ao FMI por parte de Portugal deverá constituir um aviso para as democracias de todo o mundo.


A crise que teve início no ano passado, com os resgates da Grécia e da Irlanda, agravou-se, constata o professor. “No entanto, este terceiro pedido nacional de ajuda não tem realmente a ver com dívida. Portugal teve um forte desempenho económico na década de 90 e estava a gerir a sua retoma, depois da recessão global, melhor do que vários outros países da Europa, mas sofreu uma pressão injusta e arbitrária por parte dos detentores de obrigações, especulações e analistas de “rating” da dívida que, por razões ideológicas ou de tacanhez, conseguiram levar à queda de um governo democraticamente eleito e levaram, potencialmente, a que o próximo governo esteja de mãos atadas”, salienta Robert Fishman no seu artigo de opinião publicado no jornal norte-americano.


O sociólogo adverte que “estas forças do mercado, se não forem reguladas, ameaçam eclipsar a capacidade de os governos democráticos – talvez até mesmo o norte-americano – fazerem as suas próprias escolhas em matéria de impostos e despesa pública”.


"Crise em Portugal é completamente diferente"


Apesar de as dificuldades de Portugal se assemelharem às da Grécia e da Irlanda, uma vez que os três países aderiram ao euro, cedendo assim o controlo da sua política monetária, o certo é que “na Grécia e na Irlanda, o veredicto dos mercados reflectiu profundos problemas económicos, facilmente identificáveis”, diz Fishman, realçando que “a crise em Portugal é completamente diferente”.


Em Portugal, defende o académico, “não houve uma genuína crise subjacente. As instituições económicas e as políticas em Portugal, que alguns analistas financeiros encaram como irremediavelmente deficientes, tinham alcançado êxitos notáveis antes de esta nação ibérica, com uma população de 10 milhões de pessoas, ser sujeita a sucessivas vagas de ataques por parte dos operadores dos mercados de obrigações”.


“O contágio de mercado e os cortes de ‘rating’ , que começaram quando a magnitude das dificuldades da Grécia veio à superfície em inícios de 2010, transformou-se numa profecia que se cumpriu por si própria: ao elevarem os custos de financiamento de Portugal para níveis insustentáveis, as agências de ‘rating’ obrigaram o País a pedir ajuda externa. O resgate confere poderes, àqueles que vão “salvar” Portugal, para avançarem com medidas de austeridade impopulares”, opina Robert Fishman.


“A crise não resulta da actuação de Portugal. A sua dívida acumulada está bem abaixo do nível de outros países, como a Itália, que não foram sujeitos a avaliações [de ‘rating’] tão devastadoras. O seu défice orçamental é inferior ao de vários outros países europeus e tem estado a diminuir rapidamente, na sequência dos esforços governamentais nesse sentido”, refere o professor, que fala ainda sobre o facto de Portugal ter registado, no primeiro trimestre de 2010, uma das melhores taxas de retoma económica da UE.


Em inúmeros indicadores – como as encomendas à indústria, inovação empresarial, taxa de sucesso da escolaridade secundária e crescimento das exportações -, Portugal igualou ou superou os seus vizinhos do Sul e mesmo do Ocidente da Europa, destaca o sociólogo.


Porquê os "downgrades?"


“Então, por que motivo é que a dívida soberana portuguesa foi cortada e a sua economia levada para a beira do precipício?”, questiona-se Fishman.


Na sua opinião, há duas explicações possíveis. Uma prende-se com o cepticismo ideológico do modelo económico misto de Portugal, com o apoio aos empréstimos concedidos às pequenas empresas, de par com umas quantas grandes empresas públicas e um forte Estado Providência, explica.


A outra explicação está na “inexistência de perspectiva histórica”. Segundo Fishman, os padrões de vida dos portugueses aumentaram bastante nos 25 anos que se seguiram à Revolução dos Cravos, em Abril de 1974, tendo havido na década de 90 um acelerado aumento da produtividade laboral, do investimento de capital por parte das empresas privadas, com a ajuda do governo, e um aumento dos gastos sociais. No final do século, Portugal tinha uma das mais baixas taxas de desemprego da Europa, sublinha também o professor.


Mas, realça, o optimismo dos anos 90 deu origem a desequilíbrios económicos e a gastos excessivos. “Os cépticos em torno da saúde económica de Portugal salientam a sua relativa estagnação entre 2000 e 2006. Ainda assim, no início da crise financeira mundial, em 2007, a economia estava de novo a crescer e o desemprego a cair. A recessão acabou com essa recuperação, mas o crescimento retomou no segundo trimestre de 2009”, refere.


Assim, no seu entender, “não há que culpar a política interna de Portugal. O primeiro-ministro José Sócrates e o PS tomaram iniciativas no sentido de reduzir o défice, ao mesmo tempo que promoveram a competitividade e mantiveram a despesa social; a oposição insistiu que podia fazer melhor e obrigou à demissão de Sócrates, criando condições para a realização de eleições em Junho. Mas isto é política normal, não um sinal de confusão ou de incompetência, como alguns críticos de Portugal têm referido”.


Europa poderia ter evitado o resgate


E poderia a Europa ter evitado este resgate?, questiona-se. Na sua opinião, sim. “O BCE poderia ter comprado dívida pública portuguesa de forma mais agressiva e ter afastado a mais recente onda de pânico”.


Além disso, Fishman afirma que é também essencial que a UE e os EUA regulem o processo utilizado pelas agências de “rating” para avaliarem a qualidade da dívida de um país. “Ao distorcerem as percepções do mercado sobre a estabilidade de Portugal, as agências de notação financeira – cujo papel na aceleração da crise das hipotecas ‘subprime’ nos EUA foi extensamente documentado – minaram a sua retoma económica e a sua liberdade política”, acusa o académico.


“No destino de Portugal reside uma clara advertência a outros países, incluindo os Estados Unidos. A revolução de 1974 em Portugal inaugurou uma vaga de democratização que inundou o mundo inteiro. É bem possível que 2011 marque o início de uma vaga invasiva nas democracias, por parte dos mercados não regulados, sendo Espanha, Itália ou Bélgica as próximas vítimas potenciais”, conclui Fishman, relembrando que os EUA não gostariam de ver no seu território o tipo de interferência a que Portugal está agora sujeito – “tal como a Irlanda e a Grécia, se bem que estes dois países tenham mais responsabilidades no destino que lhes coube”.

Ver:

Portugal’s Unnecessary Bailout:

The crisis that began with the bailouts of Greece and Ireland last year has taken an ugly turn. However, this third national request for a bailout is not really about debt. Portugal had strong economic performance in the 1990s and was managing its recovery from the global recession better than several other countries in Europe, but it has come under unfair and arbitrary pressure from bond traders, speculators and credit rating analysts who, for short-sighted or ideological reasons, have now managed to drive out one democratically elected administration and potentially tie the hands of the next one.

If left unregulated, these market forces threaten to eclipse the capacity of democratic governments — perhaps even America’s — to make their own choices about taxes and spending.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

BCE está a castigar os periféricos em favor da Alemanha

In "Económico":

O Nobel da economia defende que o BCE está a procurar acabar com os desequilíbrios à custa dos países do sul da Europa. 

bce_paginaO Nobel da economia, Paul Krugman, tem lançado uma série de ataques à política do BCE. Em sucessivos ‘posts' no seu blogue, o economista defende que "o BCE está a exigir a remoção dos desequilíbrios de competitividade via deflação no sul, e nada através de inflação na Alemanha". Diz mesmo que a política monetária está a servir única e exclusivamente a Alemanha.

Krugman explica que "a introdução do euro levou a um período de baixas taxas de juro no sul da Europa, provocando um ‘boom' inflacionário; quando o ‘boom' acabou, estes países tornaram-se não competitivos em relação ao norte da Europa".

Estes desequilíbrios foram criados aquando da criação do euro, que permitiu a "países que anteriormente pagavam elevados prémios nos juros encontraram-se em condições para pedir emprestado nos mesmo termos da Alemanha, o que se traduziu numa grande queda nos seus custos de capital". Isto levou a bolhas e inflações e a consequência é a crise actual.

Para corrigir estes desequilíbrios, Krugman questiona: "Deverão ocorrer via inflação na Alemanha ou deflação na Espanha?". A resposta do economista é que "numa perspectiva pan-europeia, a resposta é seguramente através de ambos - e dado que a deflação é sempre mais dolorosa, a maior parte do ajustamento deve de facto tomar a forma de aumento de salários na Alemanha em vez de quedas nos salários em Espanha".

E é neste ponto que a visão de Krugman e de Jean-Claude Trichet divergem. Na semana passada, o BCE aumentou as taxas de referência em 25 pontos base para 1,25% e os economistas antecipam novas subidas. Para o Nobel da economia, "o BCE está a sinalizar que a inflação na Alemanha não será tolerada, colocando a totalidade do fardo na deflação na periferia".

As consequências desta política, alerta Krugman, são uma "prolongada e dolorosa queda na periferia e, quase seguramente, enormes ‘defaults". Refere ainda que isso aumenta as probabilidades de uma quebra do euro.

Offshore utilizada por Oliveira Costa foi adquirida por Duarte Lima

In "Económico":

Uma testemunha revelou hoje em tribunal que a offshore EMKA foi adquirida em 2001 pelo ex-líder parlamentar do PSD Domingos Duarte Lima.

Em mais uma sessão do julgamento do caso BPN, o inspector tributário Paulo Jorge Silva, que participou na investigação, voltou a explicar detalhadamente os negócios que José Oliveira Costa alegadamente fez com ele próprio, através de offshores, para obter mais valias e a liquidez necessária para realizar aumento de capital da SLN em 2000, passando a ser um dos maiores accionistas daquele grupo ligado ao BPN.

O inspector das Finanças vincou que, no ano 2000, o arguido José Oliveira Costa só tinha em carteira e na sua conta 751 mil acções, mas que em Dezembro desse ano verifica-se um aumento de capital da SLN e que, através da instrumentalização de diversas offshores do grupo, vai conseguir comprar 29 milhões de acções da SLN a um euro por acção.

De acordo com a testemunha, Oliveira Costa consegue vender à EMKA 750 mil acções a 2,10 euros cada (havia comprado a um euro), sendo que na sua conta entram ainda 213 mil contos de uma transacção feita com a offshore Invesco.

Segundo a testemunha, o maior negócio do ex-presidente do BPN resulta da compra das 29 milhões de acções do grupo SLN, as quais são divididas em dois lotes: um lote de 7,250 milhões de acções que paga à cabeça e das restantes 21,750 milhões de acções só tem de pagar 30 por cento à cabeça, pois o restante só será pago volvidos seis meses.

Entretanto, explicou a testemunha, Oliveira Costa vendeu as 7,250 milhões de acções à offshore Zémio, do grupo SLN, por 2,20 euros a acção, o que lhe permite lucrar cerca de oito milhões de euros.

Muitas das transacções envolvendo somas avultadas, de acordo com a testemunha, foram possíveis através da utilização da offshore Venice, que fazia operações a descoberto, num movimento
contabilístico que visava escapar ao controlo das entidades supervisoras.

Quanto à posterior aquisição da ofsshore EMKA ao grupo SLN por Domingos Duarte Lima, fonte ligada ao processo adiantou que o ex-dirigente do PSD terá pago cerca de 600 mil contos, explicando que com esta compra Duarte Lima passou a ser accionista da SLN SGPS através das cerca de 1,3 milhões de acções detidas pela EMKA.

É através da demonstração dos artificialismos financeiros e contabilísticos alegadamente utilizados por Oliveira Costa que a acusação pretende provar a prática de crimes de burla qualificada e abuso de confiança por parte do antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do Governo de Cavaco Silva.

José Oliveira Costa está ser julgado por burla qualificada, branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada e aquisição ilícita de acções. Outras 14 pessoas ligadas ao universo SLN, como Luís Caprichoso, Ricardo Oliveira e José Vaz Mascarenhas, e a empresa Labicer estão também acusadas por crimes económicos graves.

Desde que o Banco Português de Negócios (BPN) foi nacionalizado, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) já injectou cerca de 5 mil milhões de euros no banco fundado por Oliveira Costa, em assistências de liquidez, enquanto o 'buraco financeiro' deixado nesta instituição é estimado pelas autoridades em 2 mil milhões de euros.

O BPN era detido pela Sociedade Lusa de Negócios até à nacionalização do banco.

Gurus do mercado

In “Jornal de negócios online”:

Ao longo dos anos, muitas foram as mudanças nos mercados mas há coisas que não mudam nunca.

A consagração de determinados analistas que se tornam quase endeusados é uma dessas coisas. Os "gurus", termo habitualmente utilizado para apelidar estas pessoas, fazem parte da História dos mercados e estou certo que continuarão a estar bem vivos no futuro.


Conhecer um guru é, para os investidores iniciados, um sonho e - simultaneamente - a ilusão de que a fortuna está aí à porta. Quando, em 1991, estava a dar os primeiros passos no mercado e conheci aquele que era um dos gurus na moda em Portugal, tive essas mesmas sensações. Obviamente que o tempo veio ensinar-me que as ilusões têm um preço elevado a pagar. E que ninguém consegue sobreviver no mercado sem desenvolver as suas próprias aptidões e análises.


No meio dos mercados é habitual dividir os gurus em 3 categorias distintas: Os gurus de ciclos, os gurus de descobertas e os gurus mortos. Alexander Elder explicou bastante bem isso no seu famoso livro "Trading for a Living". Aos gurus de ciclo eu costumo chamar "gurus da moda". Estes analistas tornam-se famosos quando fazem algumas previsões acertadas, de grande impacto, começando a captar as atenções. Se o seu ciclo de acertos continua, começa a criar-se uma onda de seguidores que vai crescendo à medida que as previsões se mantêm acertadas. Nessa altura são eles que estão na moda e são eles, inclusivamente, que fazem a própria moda, sendo "opinion makers" com um poder impressionante.


Os gurus de ciclo, geralmente, sobrevivem até ao final desse "Bull" ou "Bear Market". Durante esse período, o guru tem uma exposição mediática muito forte pois todos querem saber as suas opiniões. Por isso, aproveita ao máximo essa sua notoriedade para ganhar dinheiro, sendo muito frequente ver "newsletters" a serem criadas por esses gurus para as venderem e assegurarem um bom rendimento. Depois, quando as previsões começam a falhar, começamos a perder o seu rasto e eles são esquecidos tão ou mais depressa como foram elevados à categoria de deuses.


Os gurus de descobertas são pessoas que trazem um método revolucionário ao mercado. Os investidores, sempre desejosos de estarem na vanguarda e se anteciparem aos outros intervenientes no mercado, adoram novidades e métodos inovadores. Estes gurus desdobram-se em conferências e seminários para explicar o tal novo método, o que lhes rende bastante dinheiro. Por vezes, chego a ficar chocado com o preço que se tem que pagar para participar em alguns "workshops" que têm a participação destes gurus.


Os gurus mortos surgem quando uma série de investidores começa a descobrir obras escritas por pessoas que tinham ideias bastante interessantes e muito peculiares sobre o mercado. Começam a tornar-se verdadeiros mitos e as interpretações que se fazem sobre a sua obra e as suas opiniões dão origem a muita polémica porque os autores não estão vivos para esclarecer as dúvidas. Pretcher e Gann são dois dos exemplos mais célebres do que são gurus mortos e, hoje em dia, são muitos os seguidores das suas obras e que vêem neles referências para as suas análises.


Por que surgem sempre estes gurus e por que despertam tamanho entusiasmo e obsessão por parte dos investidores? Na minha opinião, surgem pela necessidade que a maior parte dos investidores sente em ter um líder. Decidirem sob a "protecção" do líder dá uma segurança e uma confiança que muitos investidores necessitam para tomarem as suas decisões.


A palavra guru soa mal. Ainda bem que assim é. Pode ser que isso faça as pessoas abrirem os olhos e perceberem que não é esse o caminho para o sucesso. Negociar à sombra de um guru, não permite ao investidor evoluir com as perdas. Pode ser difícil de crer, mas são as perdas e os insucessos que fazem os investidores evoluírem. Perceber onde e por que é que falhámos é dar um passo muito importante na nossa aprendizagem. Quem negoceia apenas com base na opinião de um guru, não consegue tirar ilações das perdas, pois não identifica o erro de análise que levou à perda. O único erro que identifica foi ter seguido cegamente a opinião de alguém. E se tiver a lucidez para o fazer, talvez essa derrota seja mesmo a sua grande vitória.


Os gurus fazem parte dos mercados. Fazem parte do "glamour" que muitos vêem no mercado. Mas se quer fazer parte dos vencedores, guarde alguma distância em relação a isso. Dá trabalho ter sucesso no mercado.


Nem Ulisses Pereira, nem os seus clientes, nem a DIF Brokers detêm posição sobre os activos analisados. Deve ser consultado o disclaimer integral aqui. Analista Dif Brokers
ulisses.pereira@difbroker.com

domingo, 10 de abril de 2011

O que fez o FMI na Grécia e na Irlanda

Islandeses rejeitam pagar dívida ao Reino Unido e Holanda

In "PUBLICO.PT":

Os islandeses rejeitaram em referendo, pela segunda vez, reembolsar o Reino Unido e a Holanda em 3,9 mil milhões de euros – o dinheiro que estes governos pagaram aos seus cidadãos que investiram na conta Icesave, de um dos bancos islandeses que faliu em 2008, quando o sistema financeiro do país entrou em colapso.

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A contagem dos votos ainda não terminou, mas o “não” terá recebido cerca de 58 por cento. “A votação dividiu o país em dois. Foi escolhida a pior opção”, disse a primeira-ministra Johanna Sigurdardottir, na televisão pública, reconhecendo a vitória do “não”.


A governante, diz a Reuters, avisou que é muito provável que se seguia um período de caos económico e político – a agência de “rating” Moody’s já tinha avisado que desceria a nota do país para um nível de “lixo”, de uma entidade com qual não é seguro negociar.

A conta de poupança on-line Icesave foi comercializada agressivamente no Reino Unido e na Holanda pelo banco Lansbanki – que foi o segundo maior da Islândia – prometendo juros acima de seis por cento. Cerca de 400 mil investidores depositaram lá o seu dinheiro e, em 2008, quando os três maiores bancos islandeses faliram, não conseguiram reaver o seu dinheiro.


Os bancos islandeses chegaram a ser 11 vezes maiores do que a economia do país. Por isso, quando rebentou a bolha do crédito, eram literalmente grandes demais para serem resgatados pelo Estado, que só conseguiu garantir os depósitos nacionais. A Islândia foi o primeiro país da Europa ocidental a ter de pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional na actual crise.


Os depósitos de estrangeiros foram reembolsados pelos respectivos governos – 3,9 mil milhões de euros – que agora querem os cobrar a Reiquiavique. O acordo que rejeitado permitia escalonar o pagamento da dívida até 2045, com uma taxa de juro de 3,3 por cento ao Reino Unido e de três por cento no caso da Holanda. Uma parte dessa dívida será paga com a venda dos activos do Landsbanki, mas não se sabe ainda quanto será – embora os partidários do “não” defendam que deveria chegar para o reembolso.


Em Março de 2010, um acordo muito mais desvantajoso para a Islândia tinha já sido rejeitado pelos islandeses em referendo.


Está em curso uma investigação sobre os negócios dos três maiores bancos islandeses, com várias ramificações políticas e no estrangeiro, que se revelou uma teia de corrupção política e financeira. Há banqueiros na prisão. Por isso, muitos islandeses consideram que não têm nada que pagar pelo comportamento irresponsável dos bancos – e há especialistas que dizem que as directivas europeias citadas pela Holanda e pelo Reino Unido para exigir o reembolso do que pagaram aos seus cidadãos não têm grande sustentação.


A caminho do tribunal


“Eu sei que isto provavelmente nos vai prejudicar internacionalmente, mas vale a pena marcar uma posição”, disse à Reuters Thorgerdun Asgeirsdottir, um barman de 28 anos, depois de depositar o seu voto no edifício da câmara municipal de Reiquiavique. “Não tive culpa nenhuma nestas dívidas, não quero que os nossos filhos tenham de pagar por elas. Prefiro que isto seja resolvido em tribunal”, disse Svanhvit Ingibergs, 33 anos, que trabalha numa casa de saúde.


E de facto o tribunal deve ser o próximo passo, mais precisamente o tribunal da Autoridade de Fiscalização da Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA), que regula as relações económicas da Islândia com a União Europeia. “Parece claro que chegámos ao fim do caminho das negociações”, disse na televisão o ministro das Finanças, Steingrimur Sigfusson.


Da Holanda veio já a reacção do também ministro das Finanças, Jan Kees de Jager, que também considera ter chegado a altura de os tribunais decidirem. “Estou muito desapontado por ver que o acordo Icesave não passou. Não é bom para a Islândia, nem para a Holanda”, disse o ministro, numa declaração divulgada pela Reuters. “A Islândia continua a ter a obrigação de pagar”, garantiu.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Crimes económicos da Wall Street contra a humanidade

In “resistir.info”:

De acordo com o Tribunal Penal Internacional, crime contra a humanidade é "qualquer acto que cause grave sofrimento ou atente contra a saúde mental ou física de quem o sofre, cometido como parte de um ataque generalizado ou sistemático contra uma população civil". Desde a Segunda Guerra Mundial que nos familiarizamos com este conceito e com a ideia de que, não importa qual foi a sua dimensão, é possível e obrigatório investigar esses crimes e fazer pagar os culpados.


Situações como as que geraram a crise económica levaram a que se comece a falar de crimes económicos contra a humanidade. O conceito não é novo. Já em 1950 o economista neoclássico e prémio Nobel Gary Becker apresentou a "teoria do crime" ao nível microeconómico. A probabilidade de que um indivíduo cometa um crime depende, para Becker, do risco assumido, do espólio potencial e da possível punição. A nível macroeconómico, o conceito foi usado em discussões sobre as políticas de ajuste estrutural promovidas pelo Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, durante os anos oitenta e noventa, que tiveram gravíssimos custos sociais para as populações na África, América Latina, Ásia (durante a crise asiática de 1997-98) e Europa de Leste. Muitos analistas apontaram estes organismos, as políticas que patrocinaram e os economistas que as conceberam como responsáveis, especialmente o FMI, que foi muito criticado após a crise asiática.


Hoje são os países ocidentais, os que sofrem os custos sociais da crise financeira e de emprego, e dos planos de austeridade que supostamente estão contra ela. A perda dos direitos fundamentais, tais como habitação, emprego e o sofrimento de milhões de famílias que vêem em perigo a sua sobrevivência, são exemplos dos custos assustadores desta crise. Famílias que vivem na pobreza estão crescendo sem parar. Mas quem são os responsáveis? Os mercados, lemos e ouvimos todos os dias.


Num artigo publicado na Business Week em 20 de Março de 2009 sob o título "Crimes económicos da Wall Street contra a humanidade ", Shoshana Zuboff, ex-professor da Harvard Business School, argumenta que o facto de os responsáveis pela crise negarem as consequências das suas acções demonstra "a banalidade do mal" e o "narcisismo institucionalizado" nas nossas sociedades. É uma demonstração da falta de responsabilidade e de "distanciamento emocional" dos que acumularam somas milionárias e agora negam qualquer ligação com o dano provocado. Culpar apenas o sistema não é aceitável, argumentava Zuboff, tal como não teria sido acusar dos crimes nazis apenas as ideias, e não quem os cometeu.

Ver:

O país das oportunidades perdidas:

O país foi desindustrializado e está pior do que em 1975. Sectores inteiros da economia nacional foram destruídos e nada veio substituí-los. A estagnação perdura há mais de dez anos. O desemprego é avassalador, a juventude não tem perspectivas, a auto-suficiência alimentar foi eliminada (hoje Portugal importa 70% dos cereais que consome), instituições científicas nacionais foram desmanteladas, o aparelho de Estado foi severamente abalado, a economia real definhou.

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No fim de 1974 Portugal tinha uma situação financeira sólida. Em 31/Dezembro/1974 dispunha de 865.936 kg de ouro nas reservas do seu banco central. A dívida externa era insignificante. Hoje, os relatórios anuais do Banco de Portugal já nem se atrevem a informar o peso das reservas-ouro (em grande parte vendidas ou hipotecadas por Vitor Constâncio). Quanto à dívida externa (bruta) , em 31/Dezembro/2010 montava a 396,5 mil milhões de euros, ou seja, cerca de 229,4% do PIB. Para comparação: a dívida externa bruta da Grécia é de "apenas" 187% do PIB.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Es cuestión de tiempo antes que España se rinda

In "Página Oficial de Daniel Estulin":

Por mucho que los partidos políticos en España hablen de recuperación, lo que es obvio, es que es  solamente una cuestión de tiempo antes de que España se rinda.

 

Les recuerdo lo que sucedió con Grecia en el muy lejano mayo de 2010. Por aquella época los demás países de la CEE (Comunidad Económica Europea) decían que ellos no eran Grecia y todo OK.

Después vino Irlanda e Islandia y los mercados se centraron en Portugal y España. En la reunión del Club Bilderberg de 2010 en Sitges, Barcelona, los pesos pesados del Club hablaban de crear dos Europas: La Europa de los países estables y la Europa de la segunda división de los países endeudados, entre ellos España, Portugal, Grecia, Italia e Irlanda. El plan, tal y como lo expliqué en mayo del año pasado era salvar Europa como fuera, incluso a costa de alguno de sus miembros.

Veamos, España nunca ha sido un país del primer mundo. Siempre ha sido un primo pobre que vivía en una chabola y venía a la fiesta familiar con barbacoa un día al año. España siempre ha vivido del chanchullo inmobiliario y el dinero de los fondos Europeos. Una vez explotó la burbuja (algo que decía yo y clavé la fecha y todo en 2007) y se esfumaron los fondos, España volvió a ser lo de siempre. Un primo pobre con mal olor corporal. Vamos, país de masa sucia. Aún así, los líderes de Portugal y España insistían en su boyante estado económico.

Hasta la semana pasada, Portugal rechazaba cualquier sugerencia de rescate. Bien. Portugal ha caído. Es un país muerto. Un cadáver más en este gran sueño europeo. Aún así, los políticos españoles insisten en que España es diferente. Parece una broma pesada. Con Portugal han rascado el bolsillo y con mucha suerte pueden aplazar la ruptura de Europa. El siguiente en caer es obviamente España, algo tan obvio y evidente que resulta increíble y asombroso que los líderes del PP y los socialistas se atreven con tanto desparpajo a hablar de que lo de Portugal aquí no va a pasar.

España tiene más de 5 millones de casas vacías, el mercado financiero está muerto, industria cero, crecimiento cero, cada vez menos centrales nucleares, desarrollo industrial cero, población joven ni-ni.

Pregunta al Sr. Rajoy, porque los socialistas hace ya tiempo han perdido completamente cualquier sentido de la realidad, ¿Cómo se lleva usted con su cabeza? No muy bien,  la verdad, sí que me tengo que hacer un diagnóstico.

Pero, Europa es solamente una parte de esta crisis. Como llevamos comentando desde hace mucho tiempo, lo que estamos viviendo no es un problema local, sino un desplome financiero mundial de la economía mundial, parecida al desplome de los bancos Bardi y Peruzzi que nos trajo de regalo la Plaga Bubónica a partir de 1345. En EEUU los problemas son aún más graves. La mayoría de los estados están en bancarrota. No hay dinero ni para los más débiles, mientras el nazi Obama sigue apoyando y rescatando a la élite financiera.

Os dejo un artículo de la página de Lyndon LaRouche que explica la situación gravísima que atraviesa EEUU. Casi me olvido, ayer en TVE, los políticos y periodistas hablaban de que el modelo americano debería de servirnos de ejemplo. Así es. Se nota que la masa sucia empieza por arriba con la clase política.

 

¿Qué recuperación? Texas y California camino al infierno

1 de abril de 2011 — No hay manera de que recortando los programas de cuidados a la salud, servicios sociales, transporte, sistemas hidráulicos y energéticos y educación, se pueda equilibrar el presupuesto, como lo demuestra concluyentemente la historia reciente de California. Y con la entrada de nuestro sistema solar en una nueva fase peligrosa sísmica y electromagnética, el apego a los axiomas financieros imperialistas británicos del siglo 18, junto con la perspectiva anticientífica del Paolo Sarpi del Imperio, constituye una amenaza para todos sobre el planeta.

Ni todas las estadísticas mentirosas que bombean las agencias estatales y federales, retacando los medios de comunicación, sobre la “vigorosa recuperación económica” que “está a la vuelta de la esquina”, pueden ocultar el hecho de que los dos estados más grandes de Estados Unidos, California y Texas, están más que quebrados, y que sus dirigentes motivados por la cobardía y la ideología, son incapaces de hacer algo que no sea presidir sobre el asesinato en masa de los ciudadanos más pobres, ancianos o incapacitados de sus estados. Mientras que los demócratas y los republicanos están enfrascados en una disputa idiota y controlada, sobre aumentar los impuestos o recortas gastos, para poder equilibrar el presupuesto, los gobiernos de los estados se están colapsando hasta un punto muerto, en tanto se golpea ferozmente la educación para un futuro, y están arrojando a secciones enteras de las poblaciones al basurero de deshechos humanos.

En California, el gobernador reciclado, Jerry Brown, muestra que no aprendió nada en los años que estuvo fuera del cargo de gobernador. Con un déficit de más de $25 mil millones de dólares, encima de años de déficits y recortes draconianos que hizo su predecesor, Arnie Schwarzenegger, trató de jalar a cuatro republicanos —dos senadores estatales y dos en la Cámara de Representantes— para que se unieran a los demócratas para presentar una iniciativa sobre impuestos en la boleta electoral. “Solo dejen que los votantes escojan” exhortaba. Y los republicanos le respondieron: “No nuevos impuestos”. Después de seis semanas de “negociaciones”, llenas de promesas de que se podría lograr un “compromiso bipartidista”, ocurrió lo que suele suceder: los republicanos abandonaron las negociaciones a pesar de que Brown impuso recortes presupuestales por $12,500 millones! Se desvanecieron sus esperanzas de que se cubriera la otra parte del déficit por $12,500 millones con base en un aumento a los impuestos, y ahora amenaza a proceder con otros $12,500 millones en recortes.

Ya ha hecho recortes en la educación superior, servicios de salud, servicios sociales hasta la médula, más allá de lo que había hecho el gobernator Schwarzenegger. Otros $12,500 millones en recortes dejaría sin servicios de salud a los niños pobres, a los ancianos sin servicios de salud o ayuda del estado, con una reducción drástica de los “servicios a domicilio”; recortes en educación, que minarían drásticamente las esperanzas de millones de obtener una educación superior, ya que es un hecho las alzas en las cuotas, los recortes en los préstamos y subvenciones, y la cantidad de estudiantes aceptados en las universidades de la comunidad, se reducirían dramáticamente. Los recortes en el financiamiento para las universidades e institutos superiores contraerían aún más los programas de investigación, en programas esenciales como los estudios geológicos y sísmicos. Y los recortes en la infraestructura dejarían al estado en una situación aún peor, para hacerle frente a evacuaciones y ofrecer ayuda de respuestas tempranas, en un estado amenazado con problemas que van desde terremotos y tsunamis, pasando por deslaves e incendios forestales, hasta escasez de agua y energía.

Texas enfrenta un déficit de $28 mil millones de dólares y su gobernador miope, de la banda de Bush, Rick Perry, está alegremente dispuesto a recortar todo, y a ir tan lejos que hasta algunos republicanos están empezando a protestar. El foco principal de Perry es la educación, con miles de millones de recortes para la educación, que daría como resultado despidos en masa de maestros, aumento en el número de alumnos por salón y salones sin financiamiento suficiente. Los distritos escolares locales han respondido ante los recortes, cerrando los programas especiales en ciencias, idiomas y cultura —especialmente música— pero las asignaciones para las escuelas públicas van a necesitar todavía de recortes adicionales por $7 mil millones, por encima de lo que ya se ha aprobado. La Junta Legislativa sobre Presupuesto calcula que los recortes exigidos por el Partido Republicano significarían la pérdida de 335,000 empleos para el 2013, dado que este es un presupuesto por dos años.

En ninguno de los dos estados, ni uno solo de sus funcionarios electos ha hablado de la crisis real, es decir la desintegración de la economía global, incluyendo la economía de EU, bajo casi cincuenta años de políticas postindustriales y de desregulación, de la mentada globalización, dirigida por la City de Londres y Wall Street, para sostener su imperio monetario angloveneciano.

Los organizadores de LaRouchePAC, encabezados por sus candidatos al Congreso Federal, Summer Shields por California y Kesha Rogers por Texas, han intensificado sus campañas en los campus de los dos estados, para movilizarlos para que se unan en la implementación del Plan LaRouche, para hacerle frente a las crisis financiera y galáctica que se intersectan. Existe un nuevo grado de apertura entre los estudiantes —y profesorado, incluyendo especialmente los relacionados a las ciencias— en la medida en que les queda claro que simplemente quejarse por los recortes presupuestales no va a generar una solución. La nueva urgencia de actuar, proveniente de la crisis galáctica, está tocando un nervio vivo, al darse cuenta de que su futuro depende ahora de que ellos actúen, ya que ya no pueden confiar en la generación anterior, los sesentayocheros, para que actúen por un futuro.

Autor: harleysch@gmail.com

Economistas denunciam agências de "rating" por crime de manipulação de mercado

In "Jornal de negócios online":

Denúncia subscrita por José Reis, Manuel Brandão Alves, Manuela Silva e José Manuel Pureza será entregue na Procuradoria Geral da República na próxima semana.

“Neste momento, as três mais importantes agências de notação financeira (...) noticiam e divulgam, diariamente, classificações de ‘rating’ que, com manifesto exagero e sem bases rigorosamente objectivas, penalizam os interesses portugueses, estimulando uma subida constante dos juros da dívida soberana”. Daqui decorrem “comportamentos presumivelmente criminais”, indiciadores, nomeadamente, do crime de manipulação do mercado.


O alerta vem de quatro economistas - José Reis e José Manuel Pureza, da Universidade de Coimbra, e Manuela Silva e Manuel Brandão, do ISEG – que vão apresentar uma denúncia ao Procurador-geral da República (PGR), Pinto Monteiro, no início da próxima semana. Os alvos são a Moody’s, a Fitch e a Standard and Poor’s.

O documento, a que o Negócios teve acesso, sustenta que “a actuação destas agências de notação financeira tem configurado violações ao dever de apresentação objectiva e imparcial de recomendações de investimento a que estão obrigadas”. E enuncia alguns exemplos, entre as várias descidas de ‘rating’ dos últimos tempos, em que “a actuação destas agências de notação financeira tem configurado violações ao dever de apresentação objectiva e imparcial de recomendações de investimento a que estão obrigadas”.


O objectivo da denúncia, explica José Reis em declarações ao Negócios, é alertar o PGR. Afinal ”há que ter em conta que se as taxas de juro não são justas, mas sim influenciadas, daqui decorre um poderoso mecanismo de transferência de recursos dos cidadãos nacionais para investidores internacionais”.


Sendo que, lembra o economista, pelo menos duas das agências de ‘rating’ em causa são detidas por um mesmo fundo de investimento. E, prossegue a denúncia, “não pode permitir-se que ajam de forma a alterar o preço dos juros, direccionando o mercado para situações em que elas próprias ou os seus clientes tenham interesse e retirem benefícios”.


Os economistas consideram que há “um conflito de interesses na actividade destas agências de notação financeira, em particular quando baixam os ratings a estes países [Portugal, Espanha, Grécia ou Irlanda, entre outros], fazendo aumentar os juros das suas dívidas e influenciando a evolução de um mercado em que actuam os fundos financeiros que são seus proprietários”.


Em Espanha e nos Estados Unidos foram também já desencadeados processos semelhantes, mas ainda não há qualquer decisão judicial transitada em julgado. A actuação das agências de ‘rating’ tem sido, aliás, alvo de várias polémicas, tendo o próprio FMI alertado já para o facto de que “estas agências usam e abusam do poder que têm”


Ainda que sublinhando que, feita a denúncia, os procedimentos que eventualmente venham a desenvolver-se cabem à PGR, José Reis não exclui a possibilidade de ser pedido um “ressarcimento de danos” às três agências de ‘rating’.


Recebida a denúncia, Pinto Monteiro decidirá se há ou não matéria de facto que justifique a abertura de um inquérito.

Ver:

Economistas entregam queixa na PGR contra agências de rating

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Buy Japan Stocks: Jim Rogers

In "CNBC.com":

Mar. 30 2011 "I don't think Japan will fall off the face of the Earth, in the meantime I own Japan," Jim Rogers, Chairman of Rogers Holdings told CNBC. He said there were benefits to buying Japanese stocks in the current market.












Ver:

Jim Rogers: Oil to Rise; Nuclear Energy Will Come Back:

Japan's nuclear disaster is going to increase demand for natural gas and oil for a while and oil prices will rise but the world cannot do without nuclear energy yet, investor Jim Rogers told CNBC Wednesday.

Jim Rogers

 

However, uranium and nuclear power stocks are likely to be good buys only in two or three years, when things calm down, Rogers, who together with George Soros co-funded the Quantum Fund, said in an interview.

"Unless we find something to replace oil and coal, we have to have nuclear… whether we like it or not," he said.

Rogers, whose portfolio is mainly in commodities and currencies, said oil prices will rise.

"The price of oil is going to go much higher over the next decade", the Chairman of Rogers Holdings said in an interview.

Rogers bought the Japanese stock index and some stocks following the disastrous earthquake and tsunami that hit the country earlier this month.

"It's going to cause slowdown in the Japanese economy… eventually though they are going to have to rebuild and they will rebuild," he said.

"I don't think Japan is going to fall off the face of the earth and I own Japan," he added.

The Japanese investors are going to have to bring their money home and are likely to sell US government bonds, said Rogers, who also owns the yen [JPY=X 84.11  -0.03 (-0.04%) ].

"I'm not selling anything. I'm waiting to sell short US government bonds."

Rogers is buying the Chinese yuan — which is virtually out of the reach of foreign investors because of capital controls imposed by the government — whenever he can find ways to buy it but he is not currently buying Chinese stocks.

"I only like to buy China when it collapses and it hasn't collapsed in nearly two years," he said. "My children are going to own my Chinese shares. I'm not planning to sell my Chinese shares ever."

Currencies are being "debased" all over the world, Rogers said.

"I actually bought some silver [XAG= 38.42  0.68 (+1.8%) ] and gold [XAU= 1436.55  8.57 (+0.6%) ] last week, not a lot but some," he said.

"Paper money is being debased all over the world… the world's got a lot more inflation, a lot more currency debasement, don't sell your silver," Rogers added.

O aumento da dívida pública é devido ao bpn, ao bpp e às empresas de transportes...

In "resistir.info":

...

 

Os dados oficiais seguintes dão uma informação mais verdadeira sobre divida actual do Estado.


Quadro 1- PIB, Divida Pública, Juros, Investimentos e Transferências do OE para SNS-2007/2011

ANOS
PIB (INE)


Milhões euros
Divida Pública Bruta Consolidada segundo INE
Milhões euros
Divida Pública Consolidada segundo Governo-PEC-4
Milhões euros
Juros
segundo INE

Milhões euros
Juros
se taxa for de 8%

Milhões euros
Investimento público
segundo INE

Milhões euros
SNS (*) (Transferências OE)

Milhões euros
2010 172.546 159.433 142.178 5.195 12.755 4.782

8.699

2011 173.477 168.793 152.486 6.327 13.503 3.807

8.140

Fonte: Procedimento Défices Excessivos -2011- INE; PEC-4 do governo: pág. 38; (*) Relatório OE-2011

...

A divida pública disparou, em 2010, para 159.433 milhões € (92,4% do PIB) segundo o INE, ou seja, mais 17.255 milhões € do que o constante do PEC-4 do governo, e a previsão da divida pública feita pelo INE para 2011 atinge 168.793 milhões € (97,3% do PIB), ou seja, mais 16.307 milhões € do que o previsto pelo governo no PEC-4. Este aumento tão significativo da Divida Pública fará aumentar os juros a pagar, o que acabará por determinar mais cortes nas despesas com as funções sociais do Estado (por ex., prestações sociais, pensões, SNS, etc), com consequências sociais e económicas desastrosas, se a actual politica de obsessão do défice e de juros especulativos se se mantiver.


Em 2010, a taxa de juros média ponderada foi 3,3% e a prevista pelo INE para 2011 é de 3,7%, o que fará subir a despesa do Estado com juros em 22%, pois passará de 5.195 milhões € para 6.327 milhões €. O valor de juros previstos pelo INE para 2011, é já superior a todo o investimento público previsto pelo INE para este ano, e representa 77,6% das transferências do OE para o SNS que, entre 2010 e 2011, diminuíram já de 8.699 milhões e para 8.140 milhões €. No entanto, Portugal já está a pagar pelos empréstimos que contrai taxas de juros muito superiores a 3,7%, que variam entre 5,7% (empréstimos a um ano) e mais de 9% (empréstimos a 3,5, 6 e 7 anos).

Admitindo uma taxa de 8%, pela divida de 168.783 milhões €, Portugal teria de suportar uma despesa anual só com juros estimada em 13.500 milhões €, o que é incomportável. E com uma taxa de juros de 6%, que é a que a Irlanda esta a pagar ao FMI e à União Europeia, daria uma despesa anual de 10127,6 milhões €, o que continuaria a ser incomportável para um País que vai entrar em recessão económica prolongada como consequência da politica contraccionista que Sócrates e Passos Coelho pretendem seguir, pois foi esse o compromisso que ambos já assumiram perante a União Europeia e Merkel.


É certo que este ano, a substituição da divida antiga mais a divida nova soma cerca de 45.000 milhões €, e é só esta que estará sujeita a estas taxas, mas com o tempo e a substituição gradual de toda a divida, Portugal acabará por suportar juros especulativos incomportáveis. Para além disso, os bancos cobram ao Estado Português taxas entre 5,7% e 9%, e depois vendem essa mesma divida ao BCE pagando uma taxa de juros entre 1% e 1,75%, obtendo lucros especulativos à custa dos contribuintes portugueses, e o Estado português continua a não se poder financiar junto do BCE. Só aquela diferença de juros permite à banca obter, para 45.000 milhões €, um lucro de 2.500 milhões € extra.

...

Ver:

Estes PECs não são nem necessários nem inevitáveis

 
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