sexta-feira, 6 de julho de 2007

Há "um grupo chinês" que "está a estudar" uma OPA sobre o Benfica (mas pode ser sobre o Sporting ou Porto)!

In "Jornal de Negócios Online"

Berardo teve razão antes de tempo: quando disse "andam a brincar com as acções do Benfica", estava coberto de razão. Na altura ainda não estavam, hoje estão.

Há "um grupo chinês" que "está a estudar" uma OPA sobre o Benfica (mas pode ser sobre o Sporting ou Porto), por sete euros por acção. Escreve-o o Diário Económico, que confrontou o suposto intermediário, Vasco Pereira Coutinho, que confirmou praticamente todas estas inconfirmações.

Não restam dúvidas de que Berardo abriu um novo caminho nas Sociedades Anónimas Desportivas com a sua OPA ao Benfica. Porque tornou essa possibilidade visível. Mas também porque já começou a incomodar gestores, fornecedores e clientes desses clubes, ao exigir ter acesso a contratos como os dos direitos televisivos.

Mas são estranhas, estas OPA: a de Berardo foi lançada para fazer as cotações subir e o próprio candidato a comprador diz que se tivesse acções não vendia àquele preço; a esquizofrenia torna-se agora mais exótica com alguém que está a pensar talvez lançar uma OPA talvez sobre o Benfica talvez sobre o Sporting ou o Porto talvez prefira Inglaterra talvez a sete euros talvez nada aconteça.

Não se sabe qual o preço oferecido nesta OPA, quanto querem comprar, o que admitem fazer e Vasco Pereira Coutinho nem sequer diz quem é o "grupo chinês".

Vasco Pereira Coutinho não é inimputável. Mas pode bem ser irresponsável. Na melhor das hipóteses. O empresário é um conhecido promotor imobiliário, mercado habituado à especulação, à falta de transparência e à assimetria de informação. Mas como Vasco pode saber perguntando ao seu irmão João Pereira Coutinho, na bolsa de valores as regras são diferentes. Especulação imobiliária é diferente de especulação mobiliária.

E há um regulador que tem obrigação de zelar por isso: no ano passado, a CMVM multou João Pereira Coutinho por ter alimentado ideias de lançamento de uma OPA alternativa sobre a PT; agora, Carlos Tavares poderá ter de fazer o mesmo a Vasco Pereira Coutinho, por alimentar notícias de lançamento de OPA alternativa sobre o Benfica.

Já ontem Belmiro de Azevedo afirmou que estavam a preparar uma OPA sobre uma empresa controlada pelo Estado. As acções da Inapa dispararam 40% e o empresário veio dizer que estava a brincar.

Já na semana passada Joe Berardo disse que andava de olho nas acções da Papelaria Fernandes. As acções saltaram mais de 30% e nada aconteceu.

Joe Berardo afirmou há dois dias que nunca tinha havido uma OPA tão transparente como a sua sobre o Benfica. Quem diria: as afirmações de Vasco Pereira Coutinho e as brincadeiras de Belmiro de Azevedo arriscam-se a fazer do madeirense o bom samaritano de uma história bolsista.

Ah, e já agora, uma nota final: aprendemos todos durante a OPA sobre a PT que quando alguém quer lançar uma OPA, não diz que anda a pensar nisso, pois arrisca-se a ter de comprar mais caro; quem diz que anda a estudar OPA alternativas ou é ingénuo ou especulador. Mas não lança OPA alguma.

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Eu pergunto qual a razão para surgirem estas noticias? Sem fundamento ou confirmação?

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P.S.(set 2007):

«OPA chinesa» ao Benfica vale multa

O empresário Vasco Pereira Coutinho terá sido multado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), no âmbito das declarações sobre o alegado interesse de um grupo chinês no lançamento uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre o Benfica.
Segundo um comunicado da entidade de supervisão do mercados, o conselho directivo da CMVM, deliberou aplicar uma coima no valor de 50 mil euros, num processo de contra-ordenação muito grave por violação do disposto no Código dos Valores Mobiliários relativamente à qualidade da informação prestada ao mercado.

Segundo o Código, refere o artigo, esta informação deve ser «completa, verdadeira, actual, clara, objectiva e lícita», nomeadamente quando se refere a «ofertas públicas, mercados de valores mobiliários, actividades de intermediação e a emitentes que seja susceptível de influenciar as decisões dos investidores». Sendo qualificada como contra-ordenação muito grave, o CVM prevê uma coima compreendida entre 25 mil euros e 2,5 milhões de euros.

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