domingo, 15 de julho de 2007

'Inside trading' dispara na Bolsa de São Paulo

In "Diário de Notícias"

As autoridades brasileiras estão a investir de forma significativa para acompanhar o avolumar de suspeitas de crimes de mercado que está a acompanhar a valorização da Bolsa de São Paulo. No entanto, a sensação de impunidade continua a dominar um mercado que, só este ano, já registou mais de 140 negócios de fusões e aquisições. O cenário ideal para ser desenvolveram abusos de informação privilegiada ou manipulações do mercado.
Alguns exemplos são elucidativos: as acções da Tele Norte Leste Participações dispararam 550% na véspera de anunciar um programa de recompra das suas acções. A Refinaria de Petróleo Ipiranga registou uma valorização de 56% na semana em que a empresa foi comprada. O volume de negócios da Viação Aérea Rio-Grandense triplicou dois dias antes de um concorrente ter anunciado ao mercado que tencionava lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre o seu capital.
Se é verdade que os crimes de mercado tendem a aumentar quando as bolsas estão a subir, também é de sublinhar que, no caso do Brasil, os investidores podem ganhar muito dinheiro sem o recurso a actividades ilícitas. O índice Bovespa já subiu 189% desde o início do ano, num mercado em que a inflação baixa, as reduzidas taxas de juro e o crescimento económico e dos lucros das empresas tornam o mercado brasileiro num dos mais rentáveis do mundo. Só nos primeiros seis meses do ano, os investidores internacionais já canalizaram 1,7 mil milhões de euros para a Bolsa brasileira.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está a investir fortemente no combate ao crime. Em três anos, o pessoal da entidade reguladora aumentou 30%. O orçamento duplicou para 54 milhões de euros. Os resultados começam a aparecer - já houve activos congelados pela primeira vez na história do mercado e 63 pessoas foram impedidas de actuar no mercado -, mas ainda há um caminho longo a percorrer. "Temos de agir mais rápido do que fazemos hoje", sublinhou o presidente da CVM, Marcelo Trindade, citado pela Bloomberg. |- P.F.E.

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