In "Jornal de Negócios Online":
Hoje é tão fácil investir na China ou na Turquia como na EDP ou na PT. Os ETF nacionalistas permitem ganhar exposição a um só país sem sequer pensar nas melhores acções para investir.
Os "exchange-traded funds" (ETF) são um sinal do desenvolvimento de uma bolsa. Quando os ETF, que não são mais do que fundos cotados que se compram e vendem como acções, chegam a uma praça é sinal de que o mercado atingiu a maturidade. Não é por acaso que se transaccionam diariamente mais de 1000 ETF nas bolsas norte-americanas e mais de 500 na praça londrina. É usual que o primeiro fundo cotado numa bolsa replique o principal índice local. Foi o que aconteceu em Lisboa.
Crentes no desenvolvimento da bolsa portuguesa, a britânica SPA ETF, em parceria com o Caixa Banco de Investimento, lançou o SPA ETF PSI-20 em Setembro de 2008. Na altura, os responsáveis da instituição esperavam recolher 100 milhões de euros no primeiro ano. Porém, sete meses depois o SPA ETF PSI-20 tinha 950 mil euros sob gestão, menos de 1% do previsto. Até ser liquidado, em Abril de 2009, o fundo registou 32 negócios num valor de 52 mil euros.
Embora a bolsa nacional não tenha atingido a maturidade suficiente para suster um ETF, muitas outras praças oferecem fundos cotados nacionalistas, isto é, que investem exclusivamente num mercado.
A vantagem está no facto do investidor poder decidir exactamente o peso de cada economia na sua carteira. O investidor não pode seleccionar ETF de acções de Portugal, cuja economia registará um crescimento real de 1,4% em 2010, segundo o Fundo Monetário Internacional, nem de acções da Mongólia, que registará o maior avanço, de 12,8%. Mas pode expor a sua carteira aos crescimentos reais de 9,5% e 8,1% da China e da Índia, respectivamente. Pode, inclusivamente, estender o seu portefólio à África do Sul pela via dos fundos cotados, cujo produto interno bruto deverá aumentar em resultado do campeonato mundial de futebol, que se estenderá entre Junho e Julho.
O Negócios investigou nas bolsas mais acessíveis aos investidores portugueses quais os ETF nacionalistas mais populares. Estes 13 fundos cotados estão na listas dos mais transaccionados um pouco por todo o mundo.
África do Sul
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Lyxor South AfricaParis
Bolsa:
Índice subjacente: FTSE JSE Top 40
Comissão anual de gestão: 0,65%
Taxa de dividendos: 1,31%
Principais títulos: BHP Billiton, Anglo-American, SABMiller
Principais sectores: matérias-primas, banca, alimentação e bebidas
Quem investiu no Lyxor South Africa há cerca de um ano fez um remate certeiro: o fundo que replica o desempenho bolsista das 40 maiores firmas sul-africanas cotadas na bolsa de Joanesburgo rendeu 50%. O campeonato do mundo de futebol, que terá a África do Sul como anfitriã a partir do próximo dia 11 de Junho, pode ter dado um empurrão às acções.
A riqueza do território sul-africano está reflectido no principal sector da bolsa: as companhias de matérias-primas representam quase metade do portefólio deste ETF.
Alemanha
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Lyxor ETF DAX
Bolsa: Paris
Índice subjacente: Dax
Comissão anual de gestão: 0,15%
Taxa de dividendos: não aplicável
Principais títulos: Siemens, E.On, Basf
Principais sectores: químico, bens e serviços industriais, serviços básicos
Ao contrário da maioria dos fundos cotados, os gestores do Lyxor ETF DAX optaram por não distribuir regularmente dividendos aos accionistas. Em alternativa, a sociedade gestora acumula e reinveste esses dividendos nos componentes do fundo. Apesar dessa opção, os membros do índice alemão Dax, que compila a performance de 30 acções cotadas na bolsa de Frankfurt, são bons pagadores: as três principais acções pagam uma taxa média de dividendos de 3,86%.
Brasil
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iShares MSCI Brazil
Bolsas: Amesterdão, Frankfurt, Londres
Índice subjacente: MSCI Brazil
Comissão anual de gestão: 0,74%
Taxa de dividendos: 1,76%
Principais títulos: Petrobras, Vale, Itaú Unibanco
Principais sectores: materiais, finanças, energiaEmbora o mais popular Lyxor ETF Brazil seja mais barato do que o iShares MSCI Brazil, o produto da iShares é menos concentrado. Assim, as 75 acções deste fundo cotado conseguiram render mais (cerca de 5% no último ano) e ser menos volátil. De qualquer maneira, as 10 maiores participações do iShares MSCI Brazil absorvem mais de três quintos do capital do ETF de acções brasileiras.
China
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Lyxor ETF China Enterprise
Bolsa: Frankfurt, Londres, Paris
Índice subjacente: HSCEI
Comissão anual de gestão: 0,65%
Taxa de dividendos: 1,29%
Principais títulos: China Life Insurance, Bank of China, China Construction Bank
Principais sectores: banca, seguros, energiaA economia chinesa é uma das que mais crescerá nos próximos anos. O Fundo Monetário Internacional estima um crescimento real de 10% por ano nos próximos dois anos com uma inflação controlada em torno dos 3%.
O fundo cotado Lyxor ETF China Enterprise é um dos instrumentos preferidos dos investidores para ganhar uma exposição ao país. O ETF tenta replicar o desempenho do índice Hang Seng China Enterprise, composto por acções do segmento H: aquelas emitidas por companhias chinesas mas listadas na bolsa de Hong-Kong.
Espanha
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Amundi ETF MSCI Spain
Bolsa: Paris
Índice subjacente: MSCI Spain
Comissão anual de gestão: 0,25%
Taxa de dividendos: não aplicável
Principais títulos: Banco Santander, Telefónica, BBVA
Principais sectores: financeiro, telecomunicações, serviços básicosO fundo cotado que acompanha a bolsa madrilena é o mais próximo que é possível obter pelos investidores que gostariam de transaccionar o mercado lisboeta num só pacote. Embora tenha menos títulos do que o índice principal da bolsa espanhola, o Ibex-35, o Amundi ETF MSCI Spain conseguiu ter uma rendibilidade alguns pontos percentuais superior ao longo do último ano, cerca de 13%.
O Santander, o BBVA, o Banco Popular Español, o Banco de Sabadell, o Bankinter e o Banco de Valencia colocam o sector financeiro na primeira posição na carteira do fundo, absorvendo quase metade do portefólio.
EUA
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SPDR S&P 500 ETF
Bolsa: Nova Iorque
Índice subjacente: Standard & Poor's 500
Comissão anual de gestão: 0,10%
Taxa de dividendos: 1,79%
Principais títulos: Exxon Mobil, Apple, Microsoft
Principais sectores: tecnologias da informação, financeiro, saúdeO SPDR S&P500 ETF (antigamente Standard & Poor's Depositary Receipts) é o mais antigo "exchange-traded fund" estado-unidense, embora tenham havido outros instrumentos que tentaram replicar carteiras de acções antes de 1993. Graças à sua dimensão, cerca de 65 mil milhões de euros, os gestores da State Street Global Advisors podem dar-se ao luxo de apenas cobrarem 0,10 por cento por ano de comissão anual de gestão. É composto por 500 títulos.
França
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Lyxor ETF CAC 40
Bolsa: Paris
Índice subjacente: CAC 40
Comissão anual de gestão: 0,25%
Taxa de dividendos: 3,70%
Principais títulos: Total, Sanofi-Aventis, BNP Paribas
Principais sectores: banca, energia, saúdeOs fundos cotados que seguem o índice francês CAC 40 são dos que oferecem melhores dividendos. O Lyxor ETF CAC 40 apresenta uma taxa de dividendos de 3,70%.
A companhia petrolífera Total, a principal componente do fundo ao absorver pouco mais de 12% do capital, é uma das razões para uma taxa tão elevada: a própria Total tem uma taxa de dividendos de 5,68%. A segurança dos dividendos consegue estabilizar alguma da volatilidade do ETF. No último ano, o Lyxor ETF CAC 40 ganhou quase 20 %.
Grécia
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Lyxor ETF MSCI Greece
Bolsas: Frankfurt, Paris
Índice subjacente: MSCI Greece
Comissão anual de gestão: 0,45%
Taxa de dividendos: 1,77%
Principais títulos: National Bank of Greece, OPAP, Coca-Cola Hellenic Bottling
Principais sectores: financeiro, bens duradouros, bens de consumoApesar da crise que se vive na República Helénica, muitos investidores acreditam que a queda de 25% que as acções gregas registaram no último ano foi excessiva. Alguns optam por regressar ao mercado de Atenas através da exposição imediata a uma dúzia de títulos através do Lyxor ETF MSCI Greece.
É importante, no entanto, não esquecer que este fundo cotado está muito dependente do sector financeiro. Só o National Bank of Greece, que detém o pior desempenho bolsista europeu do sector, absorve cerca de um quarto dos recursos do ETF. Actualmente, sete em cada dez analistas recomendam a compra das acções do banco.
Índia
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Lyxor ETF MSCI India
Bolsas: Frankfurt, Paris
Índice subjacente: MSCI India
Comissão anual de gestão: 0,85%
Taxa de dividendos: não aplicável
Principais títulos: Reliance Industries, Infosys Technologies, ICICI
Principais sectores: financeiro, tecnologias de informação, energiaCerca de 500 anos depois dos Portugueses chegarem a Bombaim, os investidores lusos podem alcançar a capital financeira da Índia através de um único instrumento. O Lyxor ETF MSCI India permite uma exposição a 60 títulos accionistas indianos, que representam cerca 85 por cento do valor de mercado das bolsas indianas. Tal como nas primeiras décadas do século XVI as especiarias trazidas da Índia enriqueceram a gastronomia nacional, as aplicações bolsista do século XXI enriquecem os bolsos nacionais: o Lyxor ETF MSCI India rendeu mais de 80% no último ano.
Itália
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Amundi ETF MSCI Italy
Bolsa: Paris
Índice subjacente: MSCI Italy
Comissão anual de gestão: 0,25%
Taxa de dividendos: não aplicável
Principais títulos: ENI, UniCredit, Enel
Principais sectores: financeiro, energia, serviços básicosA teoria é simples: se os gestores dos fundos cotados conseguirem acompanhar de perto a evolução do índice de referência, os investidores ganham o equivalente ao desempenho do índice menos a comissão de gestão.
Há, no entanto, muitos casos em que o ETF rende bastante menos do que o índice, porque os gestores não conseguiram fazer um acompanhamento eficiente. Raros são os casos em que o fundo acumula mais do que o índice. O Amundi ETF MSCI Italy é um desses casos raros: em 2009 ganhou 23,11% enquanto o índice MSCI Italy, composto por 40 acções italianas registou uma subida de 22,63%.
Japão
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ComStage ETF MSCI Japan
Bolsa: Frankfurt
Índice subjacente: MSCI Japan
Comissão anual de gestão: 0,45%
Taxa de dividendos: não aplicável
Principais títulos: Toyota Motor, Mitsubishi UFJ Financial, Honda Motor
Principais sectores: consumo discricionário, indústria, financeiroOs fundos cotados que acompanham o índice MSCI Japan - dos quais o alemão ComStage ETF MSCI Japan, gerido pelo grupo Commerzbank, é apenas um exemplo - são dos ETF nacionais mais diversificados. Actualmente, o índice conta com 325 acções de firmas japonesas diferentes, das internacionalmente reconhecidas, como a Toyota, a Honda, a Nintendo e a Canon, às pouco conhecidas além das fronteiras nipónicas, como o banco Senshu Ikeda e o produtor de aço Yamato Kogyo.
Reino Unido
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Amundi ETF FTSE 100
Bolsa: Paris
Índice subjacente: FTSE 100
Comissão anual de gestão: 0,25%
Taxa de dividendos: não aplicável
Principais títulos: HSBC Holdings, BP, Vodafone
Principais sectores: financeiro, energia, materiaisA bolsa da City londrina é a mais valiosa da Europa, por isso é natural que os investidores globais queiram obter alguma exposição ao mercado britânico. Para seguir as acções de Londres é usual acompanhar o índice FTSE 100, vulgarmente conhecido por "Footsie", composto por uma centena de acções de grande capitalização e liquidez. Há vários fundos cotados que replicam o FTSE 100, mas o mais barato é o Amundi ETF FTSE 100, que cobra uma comissão anual de gestão de 0,25%.
Turquia
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Lyxor ETF Turkey
Bolsa: Paris
Índice subjacente: Dow Jones Turkey Titans 20
Comissão anual de gestão: 0,65%
Taxa de dividendos: 0,84%
Principais títulos: Turkcell Iletisim Hizmet, Turkiye Garanti Bankasi, Turkiye Is Bankasi
Principais sectores: financeiro, telecomunicações, materiais de construçãoA Turquia é um eterno candidato à União Europeia: embora tente entrar no grupo europeu desde 1987, só em 1999, na cimeira de Helsínquia, é que a nação euro-asiática foi reconhecida oficialmente como candidata. Os analistas políticos acreditam que a Turquia conseguirá entrar na União Europeia a partir de 2015, o que será positivo para a sua economia e as suas empresas. Uma das maneiras mais simples de investir na Turquia a partir de Portugal é adquirindo o Lyxor ETF Turkey, que acompanha o desempenho bolsista das 20 maiores companhias cotadas do sucessor do Império Otomano.
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