domingo, 18 de novembro de 2007

"Criação de valor para o accionista"

In "O Figueirense"

Sempre que ouvir falar em "Criação de valor para o accionista" tenha cuidado com esse título pode ter que sair a qualquer momento.

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O papel e objectivo fundamentais de qualquer gestor é criar valor para / na empresa que responsabiliza, o que não é obvia e exactamente a mesma coisa que criar valor para o accionista.
Um simples exemplo explica completamente a diferença: pressionado pelo accionista de referência, o gestor cria fontes virtuais de rendimento através de metodologias de “contabilidade criativa”, aumentando ou compensando resultados de exploração corrente com resultados extraordinários. O objectivo é manter ou fazer crescer o nível dos dividendos distribuídos. Como essa prática não está suportada nas libertações correntes e operacionais, o gestor só tem uma alternativa: endividar a empresa para cumprir com os compromissos da tal “criação de valor para o accionista”.
È que, de facto, gerir centrado na criação de valor para / na empresa dará sempre como consequência óbvia e imediata o tal acrescento de valor para o accionista – a inversa é que não é, de todo, verdadeira.
Dir-se-á que é um mero preciosismo de semântica – accionistas satisfeitos também atraem novos capitais de ansiosos pela comparticipação nos benefícios e, assim, contribuem para a solvabilidade e autonomia da empresa. Desculpem a barbaridade da resposta, mas essa era a técnica da D. Branca, até ao momento em que faltou o lorpa da vigésima quinta hora.
De facto, causa-me imensa confusão como é possível haver neste país tantos reguladores, tantos supervisores, tantos controleiros económicos e nenhum deles se assumir com a exigência pedagógica que deveria constituir uma das suas tarefas nucleares.
“- Onde está a câmara? Onde está a câmara? A mim, ninguém me tira estes cinco minutos de fama e o resto que se lixe ”.

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