quinta-feira, 20 de março de 2008

Mercados? Tudo Lixado?

In "Jornal de Negócios":

A sabedoria profunda, nomeadamente a que eu propago na literatura que escrevi (“Ganhar em Bolsa”, 6ª edição ou mais), é a de que quando os mercados dão o pontapé, a gente percebe a mensagem, e sai.

É a grande regra: As acções nem sequer te conhecem; então porque amá-las, estilo “Noivado do sepulcro”?

Elas já pontapearam em Agosto, de modo que quem leu a palavra de Salvação (a do meu ‘book’, ou outros, igualmente inspirados), está agora a rir-se, com montes de liquidez ávida, com mãos género Freddy Kruger, a ver o momento em que toda a liquidez acumulada vai comprar os saldos que a crise deixou na feira da ladra, em que se tornarão (ou já tornaram) as Bolsas.

Na súmula , ou como se diria em Direito, alegações finais , eu digo nesse inestimável livrinho, o melhor que foi escrito em Portugal, por autores residentes na R do Molhe, Porto:

 “Opte claramente por uma estratégia defensiva, e, por muito que isto lhe pareça idiota, o seu objectivo crucial e primário é não perder dinheiro, a fim de manter sempre o grosso do capital”.

E agora? Quem ficou basicamente em liquidez ou em produtos defensivos (1) está na maior, a jantar fora e a comer lagostins.

E os outros? Sempre com a palavra de Salvação na boca, principalmente nesta época Pascal, em Verdade vos digo:

– Penso eu “de que” já não há muito mais porrada para levar.

Eu sei que o Greenspan diz que isto é a “pior crise desde a 2ª Guerra Mundial”, e eu até fico arrepiado de me por aqui a discordar. Mas, fora a reverência (1), será que o grande sacerdote se lembra da verdadeira crise do petróleo em 1973, da “stagflation” decorrente até 10, ‘I repeat’, 10 anos mais tarde, sem qualquer das inúmeras armas que o sistema agora tem para combater as crises – que aliás ele usou com profusão maníaco-depressiva, passando a taxa de juro da FED de 6% para 1% e vice-versa???

Nós aqui, na R do Molhe, discordamos.

Não é que o mercados vão subir de chofre, nem pensar nisso. Mesmo que os fundamentais já apontassem no sentido de o produto estar barato (é bem possível, mas ninguém sabe), o sentimento dos investidores está tão massacrado que uma erecção nem com Viagra.

Mas, tudo o que é análise reconhece que, fora as empresas, nomeadamente financeiras, que se puseram fora das regras fundamentais de cautela e que até na sua maioria (quase totalidade?) estão identificadas, a generalidade das empresas estão firmes, com balanços sólidos quanto a endividamento, e preparadas para tufões, quando não tsunamis.

Não se diz com verdade que os mercados antecipam as notícias com graus adequados de previsibilidade?

Então o que há mais para prever? Não está já tudo “descontado”? (2)

Os mercados não estão já a preços de recessão (mais coisa menos coisa)?

E já agora, para ter a certeza que digo alguma certa, que até o Greenspan subscreveria: “Entre mortos e feridos alguns hão-de escapar!”

(1) Que, numa certa medida, nem é muita. Não é que o supracitado falava da “exuberância excessiva dos mercados” em 1996, quando, em média, ainda havia 150% para ganhar?

(2) Reafirmo que, porém, o “sentimento” não permite subidas sustentadas, na minha modesta opinião, Sem embargo, os mais ousados vão aproveitar os saldos de curto prazo, entrando e saindo.

Ver artigo completo em: http://www.jornaldenegocios.pt/default.asp?Session=&CpContentId=313769

Sem comentários:

 
View My Stats