terça-feira, 9 de junho de 2009

Dez erros que deve evitar (desta vez)

In "Jornal de Negócios Online":

A crise financeira que emergiu nos Estados Unidos há dois anos trouxe bons exemplos do que não se deve fazer. Por agora, estes ensinamentos estão bem frescos na memória, mas é preciso que não sejam esquecidos quando o mercado recuperar. Por isso, aprenda com os erros e saiba como se posicionar para o novo "bull market", sem ser apanhado desprevenido.


Como preparar-se para o novo mercado touro


1 - Diversifique risco e invista globalmente
Diminuir o risco, através da diversificação é um conselho já antigo, mas que nem por isso perde pertinência. "Compor uma carteira com activos diferentes, cujas rendibilidades e riscos não sejam previsivelmente afectados da mesma forma por diferentes eventos, confere ao investidor uma protecção face a depreciações pontuais e extraordinárias que ocorram", realça a direcção de investimento do banco Best. Por outro lado, os investidores tendem a olhar apenas para o mercado doméstico, o que é um erro. "O mercado português, embora ofereça o conforto de um investimento em empresas conhecidas de todos, não permite cobrir uma grande parte dos sectores de actividade e apresenta características de um mercado pouco líquido", lembra o administrador da Opimize, Diogo Teixeira, recomendando a aposta também em outras bolsas.


2 - Evite investir nos sectores mais aquecidos
Regra geral, quando um mercado ou um determinado sector já subiu muito, o potencial de valorização está esgotado e existe um risco sério de correcção. Logo, por mais tentador que possa parecer, evite os comportamentos em massa e afaste-se dessas acções. "Quando um sector se torna muito comentado no mercado e pela comunicação social devido a ter oferecido retornos espectaculares aos investidores, de uma maneira geral já é demasiado tarde para investir nesse sector. Isto porque, o chamado "easy money" já foi feito por investidores que se posicionaram logo no início e agora provavelmente já estão a vender", alerta o gestor da F&C, Vítor Santos. Portanto, deve tentar aproveitar os momentos em que as cotações transaccionam em níveis mais baixos, para depois rentabilizar as mais valias no futuro. A paciência é uma virtude.


3 - Opte por uma gestão profissional
Para se investir é necessário conhecer bem o mercado e as empresas onde se está a apostar. "Adquirir posições em activos ou instrumentos financeiros que não sejam percebidos pelo investidor, pode conduzir à tomada de decisões erradas, bem como à percepção errada dos riscos a que está sujeito", destaca o banco Best a este respeito. Portanto, para evitar decisões erradas que podem pesar na sua carteira, muitas vezes, o melhor mesmo é entregar a gestão das suas poupanças a profisssionais, que acompanham diariamente os mercados e sabem o que poderá determinar a direcção dos seus investimentos. "De uma maneira geral, as pessoas não têm tempo, nem meios para analisar empresas e sectores, por isso devem investir no mercado de acções através de uma equipa de profissionais que estão no mercado a tempo inteiro", considera Vítor Santos.


4 - Invista apenas o que não vai precisar
A crise do "subprime" colocou muitas pessoas numa situação difícil, com todas as suas poupanças perdidas na crise. Portanto, antes de decidir alocar o seu capital em determinados activos de investimento, deve fixar objectivos claros do que está disposto a ganhar e a perder. É fundamental não esquecer: investir acarreta sempre riscos e tanto se pode ganhar, como perder. Além disso, "um investimento com vista a uma poupança para reforma deverá ser diferente daquele que é efectuado com objectivo de trocar de casa ou de investir para fins mais especulativos", lembra o Best. Assim sendo, o investidor deve fixar limites de perdas e de ganhos antes de comprar, para evitar surpresas decepcionantes. Quando o seu investimento atingir os limites estipulados antecipadamente, deve sair, de modo a cumprir o seu plano de investimento.


5 - Evite os produtos pouco transparentes
Um dos grandes erros cometidos que resultou na crise do crédito de alto risco foi justamente a aposta em produtos complexos e que praticamente ninguém percebia como funcionavam. Passados quase dois anos do maior tumulto financeiro desde a Grande Depressão, as instituições financeiras de todo o mundo continuam a tentar limpar dos seus balanços os chamados activos "tóxicos". Deste modo, o investimento em activos pouco transparentes é meio caminho andado para ser apanhado no meio de um tumulto. "Esta crise revelou o tipo de toxicidade que podia estar escondida em produtos 'demasiado bem empacotados'", realça Diogo Teixeira. O mesmo responsável destaca ainda que "a opacidade e a falta de liquidez dos produtos estruturados (com ou sem garantia de capital) e dos 'hedge funds' devem ser evitados a todo o custo".


6 - Saiba onde está aplicado o seu dinheiro
O investimento exige, antes de mais, confiança. E, a confiança nem sempre foi resguardada nesta crise financeira. Escândalos como o esquema piramidal do ex-presidente do Nasdaq, Bernard Madoff, ou do bilionáro R. Allen Stanford vieram abalar ainda mais a já ténue confiança dos investidores nos mercados accionistas. Num momento em que é fundamental recuperar a confiança, para voltar a acreditar nos mercados, não se esqueça de acompanhar sempre os movimentos efectuados com as suas poupanças. Não tenha medo de perguntar e saiba exactamente o que está a ser decidido com o seu dinheiro e onde é que ele está a ser aplicado. Mas, acompanhar a evolução das suas poupanças não significa não investir. Sem estar no mercado, não poderá beneficiar com uma eventual recuperação das acções.


7 - Fuja dos produtos "garantidos"
Ao contrário de outros activos, que podem oferecer rentabilidades mais elevadas, apesar do risco ser maior, os produtos de capital garantido rendem actualmente retornos muito baixos. Para Diogo Teixeira, administrador da gestora de activos Optimize, "a queda acentuada das taxas de curto prazo não permite que os produtos 'garantidos' ofereçam um rendimento significativo". Para o responsável, os investidores devem evitar estes produtos, acrescentando que "devem ser reservados às poupanças de curto prazo ou a investidores muito avessos ao risco". Embora garantam protecção de capital, estes activos não são imunes ao risco e também sofrem variações de cotação. Ou seja, mesmo que uma parte do capital não seja sujeita à flutuação das cotações, normalmente há outra parte, mais pequena, que é aplicada a um determinado investimento.


8 - Aposte numa lógica a longo prazo
Uma das melhores formas de minimizar risco, além da diversificação, é o investimento a longo prazo. Tal como Diogo Teixeira lembra, "um 'bull market' não é um mercado sem riscos", pelo que os activos estão sempre sujeitos a variações de preços e é possível que haja desvalorizações. Ao investir num período de tempo mais alargado, o investidor diminui os riscos de eventuais correcções ao longo do investimento, tendo maiores probabilidades de registar mais valias no momento em que encerrar as suas apostas. "Qualquer investimento em acções tem de ser considerado como um investimento de médio-longo prazo: os potenciais períodos de queda só poderão ser recuperados caso se fique investido", salienta o administrador da Optimize. Assim, o Best aconselha: não tome decisões com base em sentimentos de pânico ou euforia, onde as emoções dominam a razão.


9 - Escolha as obrigações de empresas
Com a aversão ao risco em níveis elevados, nos últimos meses os investidores refugiaram-se na dívida de governos, colocando as rentabilidades das notas de tesouro em valores praticamente nulos, devido à subida dos preços. Pelo contrário, as obrigações de empresas negoceiam em níveis muito atractivos, com retornos bastante interessantes. "O diferencial de rendimento entre obrigações dos Estados e dívida de empresas continua em níveis historicamente elevados, oferecendo uma boa rendibilidade com um nível de risco moderado", explicou Diogo Teixeira. Com as empresas a descontarem níveis de falência da Grande Depressão, as companhias têm sido obrigadas a colocar dívida no mercado, com retornos mais elevados. Analise os fundamentais das empresas antes de investir e garanta que está a financiar uma companhia capaz de pagar os valores prometidos.


10 - Atenção ao sector financeiro
No centro do tumulto financeiro que emergiu no Verão "quente" de 2007, o sector financeiro continua a lidar com os problemas deixados pela crise do crédito. Apesar dos níveis de valorização do sector financeiro continuarem relativamente deprimidos, face ao potencial de valorização que apresentam, o que poderá possibilitar ganhos significativos, o investimento neste segmento continua a exigir cautela, devido aos riscos. "Deverão ser privilegiadas as seguradoras e os bancos relativamente menos expostos aos produtos de crédito (ao consumo e imobiliário), nomeadamente fora da península Ibérica", detalha Diogo Teixeira. No primeiro trimestre, os maiores bancos mundiais apresentaram resultados positivos, o que trouxe alguma confiança ao mercado. No entanto, as instituições poderão ainda reportar más notícias.

Sem comentários:

 
View My Stats