In "Jornal de Negócios Online":
As actuais cotações do petróleo e do ouro estão demasiado altas e não estão a reflectir os fundamentos dos mercados. Quem o diz é o economista Nouriel Roubini, que ganhou o epíteto de adivinho da pior crise económica e financeira desde a Grande Depressão depois de em 2005 ter advertido para o facto de o "boom" especulativo no mercado imobiliário norte-americano poder levar a uma crise económica.
Roubini, que é também professor na Universidade de Nova Iorque, afirmou ontem no Fórum do Panorama para o Investimento, promovido pela Reuters, que a recente escalada do petróleo, que colocou a matéria-prima em níveis de há quase oito meses, foi demasiado forte e rápida.
O economista, citado pelo “Invertia.com”, advertiu para um contexto económico com riscos deflacionistas e avisou que se o crude continuar a subir até ao patamar dos 100 dólares por barril, isso poderá resultar num “choque económico” semelhante ao que se observou no ano passado.
Recorde-se que o West Texas Intermediate, “benchmark” para os Estados Unidos, atingiu a 11 de Julho o recorde de 147,27 dólares por barril. O Brent do Mar do Norte, crude de referência para a Europa, alcançou na semana sessão um máximo histórico de 147,50 dólares por barril.
Esta forte subida deveu-se às exageradas expectativas de um aumento da procura mundial. No entanto, o segundo semestre de 2008 assistiu a uma queda drástica dos preços do crude devido à desaceleração económica mundial. Mas o cenário começa de novo a mudar.
Desde o mínimo de quatro anos atingido em Fevereiro passado, nos 32,70 dólares, o WTI já mais do que duplicou. Os contratos de longo prazo, como é o caso dos futuros para entrega em Dezembro de 2017, já superam os 90 dólares por barril, o que demonstra que os investidores estão convictos de que os preços ainda vão subir mais, salientava o "Financial Times" na sexta-feira.
Na sexta-feira, o mercado nova-iorquino contava com 1,2 milhões de contratos de petróleo activos, representando 1,2 mil milhões de barris de crude, disse ao Negócios o presidente da WTRG Economics, James Williams.
A especulação está assim a aumentar fortemente nos mercados petrolíferos, sendo que os contratos que estão actualmente a ser negociados pressupõem a existência de petróleo... que não existe fisicamente. Ou seja, está a ser negociada uma quantidade muito maior de crude do que aquela que existe para disponibilizar.
“Os contratos de Julho do WTI representam 134.388.000 barris de crude que deveriam estar no porto de Cushing, em Oklahoma. Mas o total de crude em Cushing é de apenas 28.976.000 barris”, observou aquele analista.
Ouro também está sobreavaliado
Roubini, que é presidente da empresa de estudos económicos RGE Monitor, disse ainda no Fórum da Reuters que o actual preço do ouro é exagerado, dado que é provável que a deflação supere os riscos de inflação no curto prazo.Saliente-se que este metal precioso é um tradicional valor-refúgio dos investidores que procuram aplicações alternativas, especialmente como protecção contra a inflação.
Nos próximos dois anos, a pressão deflacionista será a dominante e converter-se-á numa bomba-relógio caso se continuem a monetizar os grandes défices, afirmou Nouriel Roubini, acrescentando que poderá ser demasiado cedo para os investidores se protegerem com ouro.
“A menos que tenhamos uma inflação alta ou outros riscos, como uma depressão, o preço do ouro parece estar demasiado elevado”, afirmou.
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