sábado, 11 de outubro de 2008

G-7 defende a importância de nacionalizações

In "Jornal de Negócios":

O grupo dos sete mais industrializados do mundo reuniu em Washington para decidir o que fazer de forma a controlar o caos em que se transformou a economia mundial. Os líderes do G-7 desenharam um conjunto de princípios de ataque à crise que esta semana ficou marcada por quedas generalizadas das principais bolsas do mundo. Um "plano agressivo", garantiu Henry Paulson, o qual inclui a nacionalização, mesmo que temporária e parcial, de instituições financeiras com problemas.
A recapitalização de bancos com capital publico e privado faz já parte do plano apresentado pelo Reino Unido na semana passada, mas é uma viragem na posição dos EUA, que aprovaram o plano Paulson, com o valor de 700 mil milhões de dólares, que tem como objectivo apenas a compra de activos tóxicos das instituições financeiras.

O secretário do Tesouro dos EUA reconheceu ontem à noite que o agravar da situação financeira na última semana transformou a sua percepção dos problemas nos EUA, afirmando que " para além da compra de activos ilíquidos, podemos usar o dinheiro dos contribuintes, de forma mais eficaz, mais eficiente, e eles receberão mais dos seus dólares e mais protecção se desenvolvermos um plano de compra de capital" nas instituições financeiras.
A Alemanha, que já tinha sinalizado a intenção de uma medida semelhante, dá assim um sinal de que irá avançar nesse sentido. Os restantes quatro países (Canadá, Itália, Japão e França) admitem poder fazê-lo se necessário.
Além da garantia de recapitalização das instituições em apuros, o plano inclui quatro outros pontos que visam a "cedência de liquidez, o fortalecimento das instituições financeiras, a protecção dos aforradores e a protecção dos investidores", afirmou Paulson.
Um dos pontos mais importantes foi a garantia de que nenhum dos países deixará cair uma instituição financeira que seja sistematicamente importante. Este ponto ganha importância nos EUA pois a decisão de deixar cair a Lehman Brothers é hoje vista como a espoleta para a tensão dos últimos dias.
"Os desenvolvimentos recentes demonstraram que a turbulência dos mercados é um evento global", disse Paulson que reforçou a importância de que os líderes continuem a "trabalhar juntos para que as acções de um país não sejam feitas às custas de outros ou da estabilidade do sistema como um todo", afirmou, acrescentando: "estamos totalmente determinados na necessidade imediata de restaurar a liquidez e recuperar a estabilidade do nosso sistema financeiro".
Os restantes três pontos do plano são a cedência de toda a liquidez que as instituições necessitem, o aperfeiçoamento dos sistemas de garantias aos aforradores - de forma a evitar corridas aos bancos – e o aumento das garantias dadas aos investidores, com o objectivo de recuperar o funcionamento dos mercados secundários de hipotecas e de outros activos titularizados.
A declaração do G-7 não entrou em aspectos específicos do plano, mas apenas neste conjuntos de princípios de acção que cada país poderá implementar como melhor entender. Fica a dúvida sobre qual será a reacção dos mercados na segunda-feira, mas tudo indica que o facto de Paulson ter defendido a agressividade da comunicação conjunta não evitará que continue a volatilidade que marcou o final desta semana nos mercados de capitais mundiais.
Na Europa a ideia de um plano coordenado dos vários planos europeus continua sem aparecer, apesar de pressões crescentes de economistas e do FMI. Os líderes da Zona Euro, o presidente da Comissão Europeia e o presidente do BCE reúnem de emergência este Domingo para tomar medidas contra a crise.

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