segunda-feira, 11 de abril de 2011

BCE está a castigar os periféricos em favor da Alemanha

In "Económico":

O Nobel da economia defende que o BCE está a procurar acabar com os desequilíbrios à custa dos países do sul da Europa. 

bce_paginaO Nobel da economia, Paul Krugman, tem lançado uma série de ataques à política do BCE. Em sucessivos ‘posts' no seu blogue, o economista defende que "o BCE está a exigir a remoção dos desequilíbrios de competitividade via deflação no sul, e nada através de inflação na Alemanha". Diz mesmo que a política monetária está a servir única e exclusivamente a Alemanha.

Krugman explica que "a introdução do euro levou a um período de baixas taxas de juro no sul da Europa, provocando um ‘boom' inflacionário; quando o ‘boom' acabou, estes países tornaram-se não competitivos em relação ao norte da Europa".

Estes desequilíbrios foram criados aquando da criação do euro, que permitiu a "países que anteriormente pagavam elevados prémios nos juros encontraram-se em condições para pedir emprestado nos mesmo termos da Alemanha, o que se traduziu numa grande queda nos seus custos de capital". Isto levou a bolhas e inflações e a consequência é a crise actual.

Para corrigir estes desequilíbrios, Krugman questiona: "Deverão ocorrer via inflação na Alemanha ou deflação na Espanha?". A resposta do economista é que "numa perspectiva pan-europeia, a resposta é seguramente através de ambos - e dado que a deflação é sempre mais dolorosa, a maior parte do ajustamento deve de facto tomar a forma de aumento de salários na Alemanha em vez de quedas nos salários em Espanha".

E é neste ponto que a visão de Krugman e de Jean-Claude Trichet divergem. Na semana passada, o BCE aumentou as taxas de referência em 25 pontos base para 1,25% e os economistas antecipam novas subidas. Para o Nobel da economia, "o BCE está a sinalizar que a inflação na Alemanha não será tolerada, colocando a totalidade do fardo na deflação na periferia".

As consequências desta política, alerta Krugman, são uma "prolongada e dolorosa queda na periferia e, quase seguramente, enormes ‘defaults". Refere ainda que isso aumenta as probabilidades de uma quebra do euro.

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