quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Agência Internacional de Energia diz que petróleo barato acabou

In "Jornal de Negócios":

As actuais tendências energéticas são visivelmente insustentáveis – social, ambiental e economicamente. O petróleo continua a ser a energia dominante, mas a era do petróleo barato acabou. No entanto, a volatilidade dos preços mantém-se. São estas algumas das principais conclusões do "World Energy Outlook" hoje divulgado pela Agência Internacional de Energia (AIE) e que faz projecções de cenários até 2030.

A AIE não prevê um pico do petróleo até 2030, mas salienta que os fracos investimentos em infra-estruturas, numa altura em que os campos petrolíferos estão em declínio, poderão levar a problemas de produção. “Apesar de não estimarmos que produção petrolífera mundial atinja um pico até 2030, a produção convencional de crude deverá começar a diminuir em torno desse ano”, advertiu, sublinhando que as areias betuminosas do Canadá e o petróleo mais pesado terão de fazer a diferença.

Com efeito, segundo a AIE, o mundo não está em perigo – para já – de ficar sem petróleo, mas existe o risco de que as suas reservas possam não ser exploradas com suficiente rapidez para atenderem ao crescimento da procura nos próximos anos.

De acordo com a organização, são necessários cerca de 30 milhões de barris diários de crude extra em 2015.

Procura aumenta menos do que o previsto pela AIE no ano passado

Em relação à procura mundial, a AIE estima que deverá continuar a aumentar até 2030, se se mantiver a actual tendência, se bem que a um ritmo mais lento do que nas últimas duas décadas. No seu “Cenário de Referência”, que não assume quaisquer mudanças nas políticas governamentais, a procura de petróleoaumentará 1% ao ano em média, de 85 milhões de barris por dia em 2007 para 106 milhões de barris diários em 2030. Trata-se, contudo, de uma significativa revisão em baixa face ao “World Energy Outlook” do ano passado.


A AIE refere que o mundo precisa de um investimento superior a 26 biliões de dólares nos próximos 20 anos para garantir um nível adequado de oferta de energia – um aumento de mais de quatro biliões de dólares face às projecções feitas no “World Energy Outlook” de 2007.

A organização prevê que a oferta mundial de petróleo aumente para 106 milhões de barris por dia até 2030, contra 84 milhões no ano passado, esperando-se que o grosso desse aumento provenha dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) – cuja quota de produção global deverá passar de 44% em 2007 para 51% em 2030.

Fora da OPEP, a produção já atingiu um pico em muitos países e deverá atingi-lo em muitos outros antes de 2030, alerta a AIE.

Saliente-se que a teoria do pico do petróleo - ou Pico de Hubbert - proclama o inevitável declínio e subsequente fim da produção de petróleo.

Petróleo acima dos 200 dólares em 2030

A Agência Internacional de Energia salientou que apesar da actual queda das cotações do crude, a era do petróleo barato acabou. A AIE prevê que um barril de petróleo custe mais de 200 dólares em 2030.

Atendendo aos elevados custos inerentes à exploração de campos para novas produções e à constante luta para que a oferta atenda à procura, a AIE considera que os consumidores pagarão uma média de 100 dólares por barril de petróleo ao longo dos próximos sete anos e mais caro a partir daí.

A agência teve o cuidado de não prever preços, mas faz algumas estimativas nas suas avaliações, conforme sublinhou a “RTE News”. Segundo a AIE, os preços do crude estão “bearish” no curto prazo e bastante “bullish” no longo prazo.

Além disso, prevê uma maior volatilidade dos preços, referindo que deverá começar a ser habitual assistir a pronunciadas variações de curto prazo nos preços.

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